Maldoso Campónio
Um voto para todos os dias do ano
Duas dezenas de pessoas da área da cultura e da universidade, incluindo vários ex-militantes do Partido Comunista Português, assinam um artigo, que aqui reproduzimos, no qual explicam os motivos pelos quais é importante defender a força do partido.
Um partido “dogmático” e “sectário”, “avesso à mudança” e “que só sabe protestar”, um partido “anacrónico” e “parado no tempo”. É a estes termos que o PCP é frequentemente reduzido. A redução terá motivações diversas. Há quem critique o PCP por desejar o seu enfraquecimento, mas quem o faça por outras razões. Pedimos a estes últimos que leiam as linhas que se seguem.
Nas últimas décadas, foi sendo recomendado aos comunistas portugueses que optassem por um de dois caminhos: fazerem do PS um inimigo de classe idêntico aos partidos da direita ou, em nome do combate a esta mesma direita, moderarem o programa comunista a ponto de este se confundir com o dos socialistas. Ora, o PCP tem sabido rejeitar os termos deste mesmo dilema, recusando quer uma via retórica de mera hostilização ideológica do PS, quer a rendição à lógica do “fim da história” em que medram os consensos típicos do bloco central.
Os comunistas portugueses têm rejeitado, uma e outra vez, as soluções de política económica tidas como “evidentes” e “inevitáveis”, que se imporiam porque “estamos no século XXI” ou porque as “regras europeias são o que são” – soluções e regras que têm gerado estagnação económica, desigualdade social e insustentabilidade ambiental.
Mas esta rejeição não impediu que os comunistas portugueses dessem o apoio decisivo a Mário Soares, na sua primeira eleição presidencial, ou a Jorge Sampaio, no governo de Lisboa. E a persistência da oposição comunista ao capitalismo tão pouco impediu que Jerónimo de Sousa, já em 2015, tivesse vindo abrir caminho à “geringonça”, resgatando António Costa da derrota eleitoral que sofreu diante de Passos Coelho.
Durante os últimos seis anos, o PCP deu ao PS de António Costa condições para governar. Recebeu, certamente, muito menos do que aquilo que deu. E os trabalhadores também. Com “paciência revolucionária”, para glosar Jerónimo de Sousa, os deputados comunistas assentiram que um partido minoritário permanecesse, por um tempo recorde, à frente do governo do país. O voto comunista foi decisivo para a aprovação de sucessivos orçamentos de estado e um garante da estabilidade governativa em Portugal durante seis anos.
Esta situação poderia prolongar-se por mais anos, se se avançasse em áreas onde a herança da troika continua a pesar decisivamente, das relações laborais desequilibradas ao investimento público estiolado. O PS não quis avançar. E aqui chegados importa compreender que a estabilidade política não pode ser o primeiro desígnio com que um partido de esquerda se compromete. Porque o PCP está também comprometido com as aspirações de mudança manifestadas pela força dos mais fracos. Como bem disse Jerónimo de Sousa no recente debate que o opôs a António Costa, “um pobre tem uma reivindicação de fundo”, que um salário de 700€ não satisfaz, “e que é deixar de ser pobre”.
O reforço do PCP nas eleições do dia 30 de janeiro é importante porque a esquerda precisa de gente disponível para conversar de forma exigente e leal, com princípios e sem acrimónia. Os deputados comunistas são gente dessa, gente comprometida com a soberania democrática. E se António Costa tem, por ora, fechado a porta à solução governativa que em 2015 o fez Primeiro-Ministro, então mais necessário é apoiarmos quem abriu caminho a esse princípio de alternativa.
O reforço do PCP é importante também por outras razões. Sem a força dos comunistas, a dependência externa do país seria ainda maior. A força dos comunistas é também a de um povo que resista e responda a ditames externos em matéria económica ou de política internacional. É a força de uma esquerda popular que tem uma perspectiva internacional e assume uma posição anti-imperialista – uma força que, como afirmam os deputados comunistas ao Parlamento Europeu, não se esquece que a União Euopeia não é a Europa.
Finalmente, mas não menos importante, é certo que sem a força dos comunistas o destino dos trabalhadores nos pequenos e grandes conflitos laborais, que são travados quotidianamente nas empresas, seria mais sofrido e menos justo. Porque a força comunista é também a que apoia o sindicalismo, entre outros movimentos sociais. Por isso dizemos que um voto no PCP em dia de eleições é um voto para todos os dias do ano.
Alice Samara, Historiadora
André Carmo, Professor Universitário e Dirigente Sindical
Ana Estevens, Geógrafa
Ana Margarida de Carvalho, Escritora
Bárbara Carvalho, Musicóloga e Dirigente Associativa
Fernando Ramalho, Livreiro e Músico
Golgona Anghel, Professora Universitária
Isabel Almeida, Professora Universitária
Joana Simões Piedade, Jornalista e Mediadora Cultural
João Ramos de Almeida, Jornalista
João Rodrigues, Economista
Joaquim Paulo Nogueira, Programador Cultural
José Neves, Historiador e Delegado Sindical
Luís Gouveia Monteiro, Jornalista e Docente Universitário
Manuel Loff, Historiador
Maria João Brilhante, Professora Universitária
Miguel Chaves, Sociólogo
Miguel Ribeiro, Programador de Cinema
Nuno Teles, Economista
Pedro Cerejo, Tradutor
Pedro Vieira, Escritor e ilustrador
Tiago Mota Saraiva, Arquiteto
Quando me sinto fascista…
Declaração de interesses:
Sou Marxista convicto, descendo de uma família de caçadores e já cacei, no passado, durante alguns anos, nunca gostei de caça maior e nunca atirei a um veado, já javalis matei um ou dois quando caçava de salto às perdizes já lá vão mais de vinte cinco anos.
Digo que me sinto fascista porque a “Nouvelle Vague” de humanos que se dizem democráticos e progressistas se mostram muito indignados com a matança de animais que foram ali, num curral com 2500 hectares na Herdade da Torre Bela, criados, alimentados e mantidos para serem caçados. Numa altura de dicotomias, se eles são democráticos e eu não concordo com eles…só posso sentir-me fascista.
Vamos, pois, ao que pretendo dizer sobre a propalada “Matança da Herdade da Torre Bela”
Desde ontem que as redes sociais estão inundadas com criticas e comentários ao que se passou numa Herdade privada algures no concelho da Azambuja, hoje acordaram para o facto as televisões e os jornais e tem sido um zurzir a torto e a direito sobre proprietários, organizadores e caçadores que participaram numa pseudo-montaria que abateu umas centenas de animais, por acaso eram veados, corços e javalis e certamente seria diferente, a coisa, se fossem ratos, coelhos, codornizes, frangos, lebres, perdizes, faisões, pombos, tordos ou outro bichito qualquer que não tivesse o impacto fotográfico dos veados, já que os javalis impactariam muito menos nas mentes de muitos pseudo-defensores dos animais e já são frequentemente abatidos às centenas em algumas montarias.
Eram cerca das dez horas da manhã de hoje quando com espanto ouço o nosso ministro do ambiente, Matos Fernandes, pessoa a quem normalmente reconheço saber técnico, bom senso e excelente escolha de palavras, a embarcar numa conversa alinhada com a histeria anti caça e anti abate animais “selvagens” embora sempre referindo que a atividade da caça lhe parece legitima e até útil à preservação das espécies e ao rendimento do interior desertificado do nosso país.
Algumas perguntas:
– A caça é uma atividade legal ou não?
– As montarias são ou não umas das formas de caça autorizadas?
– Há limites para o número de abates por caçador e por espécie nesta modalidade de caça nas zonas de ordenamento cinegético especial vulgo zonas turísticas de caça?
– Se o número de quinhentos e quarenta animais a dividir por dezasseis caçadores fossem de coelhos, tordos ou perdizes ou codornizes também gerariam este terramoto de sensações e sentimentos ao que se somam as declarações e opiniões mais ou menos estruturadas?
– Nos Estados de direito, democráticos, o que baliza a ética são ou não as leis em vigor?
– Deve uma certa “moral” impor-se às leis?
– Se fossem quinhentos e quarenta porcos, bezerros ou frangos mortos num matadouro qualquer, às centenas, também indignariam as mesmas gentes?
Quando as pessoas responderem conscientemente às perguntas atrás formuladas talvez iniciem o moderar das radicais opiniões.
O ministro, numa arrogante atitude disse que a licença de caça ia ser imediatamente revogada e que o ICNF estaria no terreno, três dias depois da “Matança”, a recolher provas para apresentar uma queixa no ministério público.
Ainda sem sair das perguntas, não seria mais avisado investigar antes de dizer que a licença para caçar na Herdade ia ser anulada e apresentada uma queixa ao MP?
Como pode o ministro dizer que o ato foi vil, que foi uma matança e que vai existir gente acusada de crimes antes de haver recolha de provas, investigação, caso seja viável, existir acusação e julgamento com sentença condenatória transitada em julgado? Estará tudo doido pela moda do animalismo?
Numa coisa o ministro tem razão, os valores de hoje não são os mesmo de há umas décadas atrás e a caça será cada dia mais mal vista pelas populações ocidentalizadas e ricas que não se preocupam com quantos pobres matam na Asia e Africa para manterem os seus estilos de vida. Será a caça, a tourada, as corridas de galgos, de cavalos etc…etc.
Mas porque não deixar o mundo andar na sua velocidade natural e querer saltar etapas para tratar como bandidos, gente de bem, como caçadores e toureiros?
Se querem acabar com essas atividades, que seja o parlamento a votar tais desígnios…entretanto recuso-me a ser tratado como bandido por gostar de ir caçar se não estou a praticar nenhuma ilegalidade.
Se alguns, sejam já a maioria ou não, se arrogam na capacidade e direito de me tratarem como uma besta, deixai-me, trata-los a eles também como bestas. É que eu detesto superioridades morais e detesto que os políticos, no caso de todos os partidos, se alinhem na critica a uma coisa só porque viram uns quantos veados e javalis mortos numa foto e não se indignem com os milhares que morrem nas guerras e afogados no mediterrâneo para fugir das guerras ou para fugirem da fome.
Se esses políticos julgam que a maioria sente dessa forma, mudem a lei, tenham a coragem. Mas das votações que vou vendo na AR, sobre caça e proteção animal, não é esse o caso e os representantes da maioria não validam grandes alterações à lei da caça vigente.
Também a imprensa, sedenta de choque e sobretudo do choque que certas imagens dão, para ter clientes, dá a uma coisa destas uma ressonância que não dá à morte de gente.
Detesto que tratem os animais como humanos, mas detesto ainda mais que me tratem como um animal, o carneiro, que segue o rebanho. Detesto a manipulação de gente bem-intencionada que perante o choque e com desconhecimento ou contraditório é arrastada pela corrente.
“Só os peixes mortos são arrastados pela corrente”
Acredito que na “Montaria” em questão existam interesses económicos, mas não foi por isso que criaram as reservas turísticas ?
Também não me custa aceitar que os animais passaram a ser incómodos na Herdade para o desenvolvimento de uma quinta fotovoltaica com 750 hectares que por ali querem fazer e que esta “caçada” foi apenas uma atividade venatória para os retirar da herdade com uma valorização económica em vez de um custo de transferência dos bichos para outra herdade qualquer onde morreriam da mesma forma só que um pouco mais tarde. Ouvi dizer que cada caçador pagou 2.000,00€ com alojamento para a tal atividade “Turistica”.
Que a imagem é chocante, lá isso é…mas não é mais chocante do que a imagem que coloco no titulo, para muitos dos que já se indignam com a caça e são veganos simultaneamente.
Também a superioridade moral de alguns que se indignam com os sorrisos de um casal que posa numa das fotos me irrita porque critica de forma acintosa o prazer que alguém sente no seguimento de uma atividade que presumivelmente é legal. Isso é a ditadura do gosto e eu detesto ditaduras. Inscrevem-se, quanto ao assunto, na ditadura do gosto, a página do Facebook do Procurador e o Rui Zink que são gente que admiro e sigo com prazer e não quero imaginar a terem comportamentos semelhantes aos que critico em adeptos do Chega e outros que tais.
Que podem ter sido, na ação, cometidos alguns crimes de natureza sanitária e de comercialização ilegal de carne, não me custa aceitar. Que algumas regras no controle veterinário dos animais mortos foram afrouxadas também não me custa aceitar, mas daí a tratar como bárbara, gente que sorri para uma foto onde também estão presentes umas centenas de cadáveres de animais abatidos ou até os que não ostentaram nada mas apenas na atividade participaram é para mim uma atitude inaceitável.
Se houve prevaricações ou crimes, ao Estado cumpre a obrigação de investigar, acusar julgar e condenar de forma razoável e discreta sob pena de se tornar um Estado populista que explora sentimentos e manipula gente mal informada…pensei que isso era atividade usual da extrema-direita e fascistas e não num país com um governo social-democrata do PS.
Coimbra, 22 de dezembro de 2020
Sessenta anos depois.
Hoje cumprem-se sessenta anos da independência do Senegal.
Por romantismo ou teimosia não gosto da ideia de colónia nem nenhuma qualquer forma de domínio de um povo sobre o outro e por isso sinto a data como algo a comemorar.
Conhecendo eu já vários países que até há poucas décadas eram colónias, o Senegal demarca-se de todos os outros que conheço pela sua democracia politica consolidada, não sem problemas é certo, e pela sua dinâmica económica com quantidade admirável de quadros nacionais formados dentro e fora de fronteiras.
Tem este, já, sexagenário país da África sub-sariana a característica cultura, românticamente anárquica, que é típica por toda a África o que lhe confere um encanto, aos meus olhos, absolutamente fascinante.
Com um povo maioritariamente muçulmano mas onde os cristãos também existem em quantidade significativa, a religião não impõem obstáculos nenhuns a quem por cá se instale ou apenas passe em turismo ou negócios. Ainda assim por todos os sítios seremos frequentemente ouvintes dos chamamentos dos Muezin ou Almuadem dos altos dos minaretes das mesquitas espalhadas por todas as comunidades, sejam grandes ou pequenas as comunidades e as mesquitas, o que ao sentir dos europeus soa habitualmente a exótico.
O Senegal, independentemente da sua dinâmica de crescimento, ainda é economicamente um país com muitos pobres e com muita gente sem grande formação ou capacidade económica fazendo um dia a dia de subsistência para garantir o mínimo sustento, pobres esses que nunca negam um sorriso ou um cumprimento a alguém que se lhes mostre afável. Sem grande criminalidade nem hostilidade sobre estrangeiros independentemente da cor da pele o Senegal é um país bem interessante para visitar como turista ou para instalar um pequeno negócio, se bem avaliado, para trabalhar como expatriado e ainda para fazer negócios ocasionais sobretudo na área da construção civil ou infraestruturas e um mundo de hipóteses na área da agricultura.
Un peuple, un but, une foi
A Venezuela e as estranhas vontades dos não venezuelanos
Desde há muitos anos, alguns tentam acabar com o Bolivarianismo/Chavismo…sobretudo de 2014 para diante, se esquecermos que já em 2002 tentavam tirar Chávez pelo mesmo método, o golpe de estado apoiado pelos Estados Unidos.
Será que em 2002, três anos após a chegada do bolivarianismo/Chavismo ao poder e com um violento apoio da maioria dos venezuelanos também já era o combate à ditadura que movia os “libertadores” gringos? Fica a questão para análise dos que querem e podem analisar.
Voltemos aos dias de hoje, alguém acredita que é pela fome ou pela miséria que a crise económica tem vindo a trazer à Venezuela, crise que é mais fruto do embargo e das sanções económicas que por má gestão interna, ao que se somou a grande baixa do preço do petróleo, que querem tirar Maduro? Alguém acredita que Maduro é um ditador? Só por ingenuidade, ignorância ou má fé alguém pode achar que sim.
O homem, Maduro, até pode ser um pouco tonto no discurso, até pode ser um bocado populista, até pode ser um bocado incompetente como presidente…mas ditador não é, pelo menos na escala de ditadura que o foram e são alguns ditadores no mundo.
Esse miúdo, o tal de Guaidó, passeia-se livremente pelas ruas de Caracas com as televisões atrás, dá entrevistas para todos os canais, é apoiado e reconhecido por mais de 20 países, como o próprio diz… faz manifestações, autoproclama-se presidente e ainda não está na cadeia. Que ditadura tão incompetente e branda. Se fizesse o mesmo nos democráticos EUA, já estaria a caminho da cadeira elétrica.
Se é a fome e a miséria que querem combater…porque não fazem as mesmas coisas nas Honduras de onde os cidadãos saem aos milhões, também, e também passam fome e também têm falta de medicamentos? Porque não vão ao Haiti, país mais pobre do mundo, onde todos os dias morrem centenas com fome, desnutridos, sem casa, sem medicamentos? Porque não tratam como ditadores os governantes que matam os seus adversários políticos e ativistas, ali ao lado na mesma américa-latina? Se é lutar contra a ditadura e contra o extermínio de povos, porque não se mobilizam contra a barbárie dos israelitas na Palestina? Porque não se mobilizam contra o intolerante regime da Arábia Saudita que mata dentro e fora de portas como faz no Iémen? Sim, todos os exemplos que dei são piores sítios para viver do que a Venezuela e com índices de desenvolvimento humano mais baixos do que a Venezuela. O Problema é que não podem deixar outro país, este rico em recursos naturais, funcionar como funciona Cuba e no mesmo continente do norte-americano Tio Sam. O motivo é único, um modelo socialista não pode dar certo…ou arruinaria a vida aos multimilionários do mundo e colocaria os filhos dos pobres a tirar os lugares garantidos nos bons empregos aos filhinhos das elites descendentes de colonialistas.
A nossa comunicação social vende-nos o que dá jeito aos seus donos, os grupos económicos, que querem mais desinformar em proveito próprio do que informar os cidadãos. Constato-o todos os dias em Portugal e em outros lugares do mundo. Deixo um exemplo: Porque não passa na nossa comunicação social o facto das Nações Unidas apenas reconhecerem Maduro como legitimo presidente da Venezuela? Falo da Assembleia Geral da ONU, para não virem com a conversa que os Russos e os Chineses vetam as decisões… isso é no Conselho de Segurança e não na Assembleia Geral e no Conselho de Segurança só existem quinze países, não duzentos como na Assembleia Geral.
É confrangedor, ver, ler e ouvir os nossos jornalistas, correspondentes e comentadores que sem conhecerem nada do que se lá passa, muitos sem nunca lá terem ido, sem saberem nada do que é o sentimento daquele povo, quem são os críticos e os apoiantes de Maduro. Alguém que queira fazer um ligeiro esforço para obter informação mais independente rapidamente, se for minimamente inteligente, perceberá que está constantemente a ser manipulado.
“Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma.” « Joseph Pulitzer »
O que motiva toda esta altercação é que as riquezas naturais conhecidas da Venezuela podem fazer um sistema socialista dar certo mesmo nas barbas dos gringos…e isso não pode acontecer sob pena do mundo ocidental passar por uma revolução. A revolução seria causada pelo simples facto de que os povos socialistas são mais difíceis de roubar pelas potencias estrangeiras e logo começariam a disseminar-se pelos continentes, daí resultaria que as hoje potencias ocidentais passariam mal sem as riquezas naturais desses países. O ocidente vive, sem nenhuma duvida, do que rouba, sob a forma de comercio, a esses países que antes foram colónias e depois geridos pelos descendentes das elites coloniais. Sempre que alguém ousar afrontar essas elites e as vias de evacuação das riquezas com destino ao ocidente…mais tarde ou mais cedo vai ser destituído ou mesmo morto. Socorro-me da história recente para o dizer, não de nenhum exercício de adivinhação, veja-se o Iraque, a Líbia, a Síria, o Afeganistão. Depois veja-se se hoje a democracia que o ocidente levou a esses povos os colocou melhor na vida ou pior. Uma coisa garantiu…as riquezas desses países são hoje propriedade dos ocidentais que as exploram e consomem a seu bel-prazer.
A América do Sul crescia na primeira década deste século bem acima da média mundial, tinha governos progressistas no Brasil, na Argentina, na Bolívia, no Equador, na Venezuela, na Nicarágua e Uruguai. Os números estão à vista e não mentem, mas veja-se o que a imprensa e a CIA com as suas conhecidas estratégias de desestabilização foram fazendo a todos os governantes desses países…Lula, Kirchner, Correa e agora Maduro tendo tentado com Chávez.
A técnica é conhecida…desacredita-se na imprensa, manipula-se a opinião dos cidadãos, derrubam-se os governos e matam-se os governantes ou movem-se processos na justiça que quase sempre são bem preparados, durante anos, para terem o resultado pretendido alcançado, mesmo que contra os acusados não exista nem uma única prova. Partilho esta opinião com o Papa, que espero não seja adepto das teorias conspirativas que me podem ser coladas a mim.
Veremos o que podem os tais vinte ou trinta países que provavelmente apoiarão Guaidó como fantoche de Trump. Por enquanto parece-me muito confortável o camarada Maduro pelo que vou vendo em canais de televisão menos domesticados pelos interesses do ocidente e pelo que vou seguindo nas redes sociais de alguns intelectuais progressistas que vou seguindo.
Por ultimo vou falar de uma coisa que me choca profundamente…ver a hipocrisia de alguns políticos que foram ao beija-mão a Maduro, que o receberam em Portugal com um ar embebecido e de pequenez, enquanto soava a possibilidade de lucro para os nossos míseros cofres e que hoje o tratam como se ele fora um facínora qualquer. Se alguém mudou em termos de atitude e em termos de políticas foram os políticos ocidentais, nomeadamente os portugueses e não o Maduro que era e continua a pensar e a dizer o mesmo que sempre disse.
Destes políticos lusos falo de, Passos Coelho, Paulo Portas e seus acólitos, falo da múmia Cavaco Silva que quase babava quando Maduro se sentou ao seu lado em Belém e falo hoje de Santos Silva que com um ar quase de cera cumprimentou Maduro na Venezuela com sorrisos de orelha a orelha e agora o trata como sendo um ditador. Misera Sorte, Estranha condição.
Touradas, touros, toureiros e outros opinadores de circunstância com e sem IVA…
Declaração de interesses: Nunca fui a uma tourada e é-me igual, em termos de gosto, que continuem as touradas ou acabem já amanhã. Sei que se acabassem amanhã para uns seria o regozijo completo e para outros uma tristeza imensa e sei que os estados de alma extremos, por parte de uns tendem a descriminar outros, discriminação e superioridades morais são coisas das quais eu não gosto.
Touradas:
Agora o que penso sobre as touradas enquanto tradição seja ela arte ou barbárie conforme os olhos de quem para elas olha.
Entendo eu que uns olhos não são mais dignos que os outros enquanto instrumentos de liberdade e que o gosto individual, dentro do que é legal, não deve ser motivo de classificação alheia. Pois não é que hoje, diferenças dessa natureza quase determinam a qualidade moral vista aos olhos de outros? Será o assunto touradas tão determinante que provoque clivagens tão acentuadas e leve a insultos entre apoiantes da arte dos toiros e os defensores da sua abolição? Eu não posso de forma nenhuma entender e menos ainda aceitar essa postura de exacerbada contundência .
É legitimo e aceitável, numa sociedade civilizada e democrática, que cada um defenda as suas posições, lute por elas e tente que a legislação reflita essas vontades. O que não podemos aceitar é que se utilizem métodos fascistas para isso e não se respeite o que a vontade/opinião dos outros determina…métodos fascistas são, no meu entender, o achar que a nossa opinião é a única certa acerca de uma qualquer tomada de posição em termos do que cada um acha aceitável. Tudo isto porque, no meu entender, o grupo da defesa dos animais se tem vindo a constituir quase como uma religião e como todas as religiões é intransigente no que não cabe nos seus cânones. Toda a gente de bem é, em abstrato, contra os maus tratos a animais e não tira nenhum prazer do sofrimento destes, quando muito o sofrimento destes é um dano colateral e nunca o fim em si no prazer que alguns retiram do espetáculo que estes proporcionam, como são os casos das touradas o circo ou a caça. Contra, argumentos demagógicos, apetece-me usar alguns argumentos também da mesma qualidade…alguém sabe se o touro gosta ou não do que faz na arena? Preferiria, caso pudesse escolher, passar pela arena 20 minutos trocando por três, quatro ou mais anos anos de bela vida, ou ser criado em caixas e ir direto para o matadouro ser feito em bifes para alimentação humana? Isto para ultrapassar a questão do “hipotético” consentimento. Até onde deverá ser limitado o usar os animais para dar prazer aos humanos? Será que o cão ou gato que muitos têm no apartamento preferiria viver livre na natureza ou apenas não tem hipótese de escolher e como tal aceita a única coisa que conhece…será que o ter domesticado estes animais é já uma violação dos seus direitos? Mais, ter modelado raças aos gostos humanos é também eticamente condenável ou não? Toda esta retórica apenas para dizer que dar aos animais os mesmos direitos dos humanos é um exercício perigoso e até um bocado estúpido por, na base, ser contraditório com o princípio da defesa dos animais ao direito à sua animalidade ou direito à não humanização. Nisso, da não humanização, o touro é bastante mais livre e tem mais regalias do que a maioria dos animais.
Não tenho muitas dúvidas que as touradas a prazo, por falta de adeptos, acabarão por deixar de existir. Digo-o porque vejo nos mais jovens essa critica ao espetáculo onde para divertimento de humanos se causa dor ao touro como dano colateral…os mais jovens de hoje entendem o sofrimento próprio e o dos animais com uma bitola diferente da dos mais antigos, sendo que essa bitola é consequência da sociedade em que foram criados e terá repercussões até na legislação quando eles forem a maioria eleitoral. Resta-lhes saber aguardar democraticamente por essa altura e sem superioridades morais ir tentando cativar, sem hostilizações desnecessárias, para a sua causa cada dia maior número de adeptos.
Termino o que penso sobre as touradas com uma questão e a minha resposta a ela: teremos, democraticamente e civilizadamente, o direito de privar alguns das tradições, costumes e gostos, legais, com os quais conviveram toda a vida? Resposta: Temos. Pela via da alteração da legislação respeitando em absoluto a vontade da maioria, que no nosso sistema é determinada pelas votações no parlamento eleito ou em referendos. Nas sociedades civilizadas são as leis os instrumentos de validação da ética, com exclusão de todos os outros. Se é legal é eticamente, moralmente, ou seja lá qual for a forma de avaliação, inatacável. Se atacam essas tradições e os seus defensores apenas com base no gosto pessoal ou num conceito civilizacional, de que gostariam, não plasmado na lei, é apenas um estado de alma.
Agora os touros:
Acho os touros animais fabulosos, quase majestáticos, e acho-os bem interessantes enquanto reveladores de pouca mão humana desde que nascem até que vão para a arena e depois para o matadouro. São o que temos, entre os bois, de mais próximo do animal selvagem e originário.
Estes animais vivem três, quatro, cinco ou mais anos de uma vida de grande qualidade em convívio com uma natureza pouco mexida pelo humano e com espaço aberto e comida de qualidade sem stress que vise melhorar a vida do Homem enquanto espécie, contribuindo até para o ecossistema onde são criados…depois começa o tormento do animal com a captura no campo, o transporte, trabalho de curros e finalmente a lide que é a fase que os defensores dos animais mais criticam, esquecendo ou desvalorizando o que está a montante em termos de sofrimento nas horas que antecedem as corridas e os cinco anos de uma vida invejável até para a maioria dos humanos de hoje. Note-se que mesmo os passos anteriores à lide são regulamentados por forma a garantir o menor stress possível ao animal.
Claramente, para mim, ressalta que não é a defesa dos touros que move esta gente que hoje se mostra intransigente com o direito a haver touradas, apenas pela defesa do touro enquanto animal…ou teriam de ir para as quintas de produção de gado ou leite fazer essa defesa perante o atroz sofrimento em que milhões de animais vivem para conveniência da espécie humana, diga-se que honrosamente alguns defensores da causa animal já o fazem e fazem-no com abnegação e dedicação à causa, no terreno e não nas redes sociais ou debates, sem terrorismos ou violência, física ou verbal, contra outros humanos. Fazem o combate anti touradas, enquanto defesa do seu conceito civilizacional, contra outros humanos, servindo-se apenas dos touros como instrumento da sua causa .
O Touro é um animal…não é uma coisa, mas não tem, também, os mesmos direitos dos humanos. Pela nossa legislação, nem sequer é um animal de companhia que são os mais protegidos, no que respeita à criminalização de quem os maltrata ou viola os seus direitos.
Quero continuar a ver touros bravos de lide nos campos com as suas peles luzidias e espalhando força bruta na natureza, já que eles são um regalo para a vista…tenho muitas dúvidas sobre essa possibilidade de continuar a vê-los, se acabarem com as touradas. Quem produzirá touros bravos de lide se acabarem as touradas? Podemos ter aqui uma grande incongruência, que é serem os “defensores” de uma espécie os causadores da extinção dessa mesma espécie.
Toureiros:
Chamo toureiros a todos os que gravitam à volta dos touros, desde o mais desconhecido campino, passando pelo inseminador das vacas bravas, até ao cavaleiro bem vestido ou o bandarilheiro cheio de lantejoulas que ficam famosos nas arenas, não esquecendo os valentes forcados.
Deverão, todos, estes vir a ser privados de fazer o que gostam, do ganhar o seu pão, sentir-se até diminuídos moralmente por quem chama bárbaros aos defensores da continuidade da atividade tauromáquica por terem uma profissão, quando elas, as suas profissões, todas são legais? Resposta: Julgamos que não.
Parafraseando Costa, o nosso PM, na carta a Alegre… gosto de mudanças tranquilas, sem revoluções, porque permitirem que as dinâmicas da mudança proporcionem aos que perdem com essa mudança o tempo necessário para se adaptarem às novas realidades sem os sofrimentos causados pela violência do choque.
Terão mais direitos os touros do que alguns humanos? Resposta: Temos a certeza que não.
Como tal preocupa-nos mais o sofrimento que uma brusca alteração traria a muitos humanos que vivem e dependem das touradas do que o sofrimento dos touros, até que as leis sejam mudadas por vontade da maioria dos deputados escolhidos pelo povo ou então por um referendo com esse fim, acabarem, hipoteticamente, com as touradas.
Opinadores de circunstância com e sem IVA:
Muitos acerca deste tema vão opinando e querendo ter razão têm recorrido a estratégias mais ou menos elaboradas, mais ou menos inteligentes, mais ou menos poéticas, para defenderem a sua dama, seja ela pró ou contra a tourada.
Querer descriminar em termos de impostos uma atividade, seja ela mais ou menos cordata, parece-nos uma injustiça e defendemos que espetáculos do mesmo patamar de atividade económica devem pagar os mesmos impostos… sem mais. Serve, este nosso raciocínio, para a tourada e para todos os outros espetáculos em recintos fechados ou no largo central da aldeia.
Comparar o IVA do bilhete das touradas a fardas de bombeiros, a pão ou vinho, a atividades médicas ou a pornografia mais não é que uma bacoquice de quem quer argumentar em defesa da sua causa e a quem não interessa a inteligência da argumentação. É claro que é obrigação de cada um o lutar pelo pagar o menos impostos possíveis garantindo a qualidade dos serviços que o Estado presta…também esta ideia serve para todos, desde donos de cabarets até ao produtor de milho da minha aldeia. Assim cada um que ache que paga impostos que se fossem mais baixos não alterariam o equilíbrio orçamental do Estado tem a obrigação de cidadania de lutar pelo abaixamento desses mesmos impostos ou por melhores serviços públicos.
No caso das touradas, a maioria dos que se insurge contra a medida da equiparação da taxa de IVA das touradas à taxa de IVA de outras atividades artísticas, não tem a mínima ideia do impacto de tal medida no orçamento. Todos os que acham que com impactos semelhantes também poderiam ter taxas reduzidas de IVA, se o não reclamam são otários e maus cidadãos. Mas a maioria destes que se insurgem contra as touradas servem-se do IVA não pela questão dos impostos em si, mas pela vontade de dificultar a vida às atividades tauromáquicas sem saber que isso apenas atingirá o preço dos bilhetes e dessa forma os que eventualmente querem ir à tourada e são menos abastados.
Contrariamente ao que disse o nosso primeiro ministro, embora o tom cordato da sua carta me agrade, a discriminação negativa do imposto para as touradas não é de maneira nenhuma uma ajuda ao encaminhamento civilizacional da nossa sociedade numa determinada direção, é antes o tornar mais elitista e menos popular o acesso às touradas. Este conceito vindo da esquerda, seja a esquerda urbana a que alguns se referem, ou a esquerda soft dos partidos do centrão é para mim, adepto da igualdade, um choque.
No caso das touradas ambas as coisas são legitimas, querer ou não querer espetáculos das touradas, por isso devemos aceitar e respeitar as duas correntes de opinião e ainda a dos neutros, como eu, na questão. Mas detesto ser enganado ou manipulado…a questão do IVA não é central no assunto e foi apenas um tiro no pé da parte do governo, tiro que a direção do PS deve ter percebido que traria, por enquanto mais prejuízo do que beneficio e tratou de mudar através da bancada parlamentar…agradando assim a uns e outros. Alguns tontos, alguns adversários políticos do governo e alguns oportunistas tentarão agora tirar partido deste aparente desacerto.
No alinhar com o primeiro ministro na sua “doce” carta a Alegre, digo: numa sociedade civilizada seria proibido proibir. Seria proibido porque era desnecessário, todos seriam respeitados se o que fazem ou defendem tem enquadramento legal. Sim, nas sociedades civilizadas, respeitam-se as diferenças de entendimento ou de gosto pessoal entre cidadãos, sem tratar como burros ou trogloditas todos os que não estão alinhados com o entendimento de quem está do outro lado da barricada. Quando a maioria está em desacordo com a lei…mais não tem que fazer que levar os seus deputados eleitos a mudar a lei. Se por hora, como parece, tal é impossível de admitir, é-o, ainda, porque o estado civilizacional da maioria ainda não está para aí virado. Resta, pois, aos “anti touradas” saber esperar educadamente, continuando a fazer o seu caminho e, certamente, chegarão lá, a menos que voltem tempos de agrura e dificuldade, disso não tenho muitas dúvidas.
Hoje é o primeiro dia do resto da vida do Brasil…
Hoje são as eleições no Brasil, talvez as mais importantes eleições já ocorridas após o fim da ditadura. São as mais importantes porque nunca em nenhumas outras até agora esteve em causa uma luta eleitoral entre um projeto político democrático e um projeto autoritário de teor liberal-fascista como nestas.
Antes tivemos lutas entre projetos de direita e centro direita contra esquerda ou centro esquerda, mas projetos que assentavam em bases democráticas e constitucionais os seus caminhos para atingir os fins, tradicionais, dos grupos a que pertenciam os partidos que foram governando o Brasil em democracia.
Governando com o fito nos mais desfavorecidos ou nos mais abastados dependendo de estarem mais à esquerda ou mais à direita respetivamente, os eleitos nunca fizeram perigar os adversários políticos, nunca ameaçaram fisicamente os adversários, nunca ameaçaram banir da sociedade os adversários, nunca instigaram a metralhar os adversários, nunca nenhum candidato afirmou que um adversário politico apodreceria na cadeia, já que essa decisão não cabe ao poder politico e sim ao judiciário é assustador ouvir isso, caso um determinado candidato vença as eleições.
Por tudo o que foi a campanha eleitoral e os discursos nela proferidos pelos vários candidatos, somos levados a entender que o discurso odioso, pela negativa, contendo ameaças aos adversários e a vários grupos minoritários foi bem aceite por uma grande parte da população em detrimento dos discursos mais moderados dos restantes candidatos nomeadamente o Haddad que disputa o segundo turno com Bolsonaro, o tal do discurso odioso.
Este processo eleitoral viveu num contexto ímpar em termos políticos no Brasil…após o derrube do governo anterior através do impeachment da presidente eleita Dilma Roussef num processo parlamentar que embora parecendo legal e constitucional o não era visto que recorreu a bases que não configuravam crime de responsabilidade dando-lhe a capa facciosa disso. Relembre-se que no voto de apoio ao impeachment o agora candidato Bolsonaro apelou à homenagem ao torturador Ustra como o pavor da presidente a destituir. Facto revelador do carater deste agora candidato com fortes possibilidades de vencer as eleições.
O derrube da governação de Dilma Roussef foi antecedido por uma manipulação do povo sobretudo os de classe média que foram para as ruas gritar por esse derrube. Tal manipulação seguiu-se à frustração de Aécio Neves pela derrota eleitoral sofrida quando contava ganhar as eleições.
Essa esperança de vitória, de Aécio Neves, fundava-se no cavalgar o descontentamento da população com o abrandamento da economia condicionado pela crise mundial causada pela queda parcial do sistema bancário um pouco pelo mundo todo e pelo abaixamento do preço das commodities de que uma economia extrativista como a brasileira depende bastante para ir progredindo. Aécio não percebeu foi que é difícil desconstruir na cabeça dos mais pobres a ideia de que um governo que melhorou a vida, desses pobres, durante 12 anos é um bom governo. Assim recebeu a derrota como se de um murro no estomago se tratasse e sendo orgulhoso e vingativo, característica típica de um género de pessoas que comungam de um certo elitismo comportamental, jurou vingar-se de Dilma impedindo-a de governar apelando a coligações negativas na camara dos deputados e no senado, aprovando pautas bomba e dificultando a aplicação de medidas governativas que ajudassem ao minorar os efeitos da crise económica.
Ao mesmo tempo a cúpula do PSDB, partido de Aécio Neves, tratou de encontrar nas leis que o PT de Lula e Dilma tinham aprovado para combater a corrupção, a coberto dos movimentos financeiros ilegais (corrupção) cometidos por alguns membros do PT, movimentos esses que são prática corrente no Brasil desde que os portugueses fizeram das terras de Vera Cruz sua colónia, uma forma de colar o PT e sobretudo Lula, que se perfilava como possível candidato após a destituição de Dilma, a essa corrupção por forma a gerar nos mais pobres ódios baseados na desinformação e incultura politica, culpando o PT pelas dificuldades em que iam vivendo…contando assim Aécio Neves que o PSDB ganharia facilmente as eleições seguintes ficando Lula fora do pleito.
Serviram-se de tudo o que tinham à mão para denegrir a imagem do PT e de Lula, aproveitando a Lava Jato em curso e estando esta entregue a um juiz com ligações claras ao PSDB, do qual o seu pai era um dos fundadores, levaram por diante uma criação jurídica bizarra e acelerando todos os prazos, atropelando a constituição, vieram a acusar, julgar e condenar Lula num processo por corrupção levando-o até à prisão para assim fragilizarem o PT na sua possibilidade de disputa eleitoral.
Tiveram nessa tarefa de enxovalhar Lula e o PT o apoio da comunicação social elitista da Globo e outras empresas detidas por grupos empresariais e igrejas evangélicas e assim dividiram a sociedade brasileira em duas partes absolutamente extremadas de opiniões, divisão que é o universo correto para se criar um campo de batalha sobretudo quando há muita gente a passar dificuldades económicas.
O que as gentes afetas ao PSDB não contavam era que o escândalo da corrupção, com as leis aprovadas nos tempos do PT e com gente de todas as cores partidárias nos órgãos de policia e nos tribunais e ministério público, também bateria forte nas cúpulas de vários partidos que haviam sido aliados do PSDB na ideia de derrube de Dilma, sobretudo na cúpula do próprio PSDB onde Aécio foi apanhado em várias escutas que confirmam a sua atitude corrupta.
A descoberta de que em todos os partidos, alguns muito mais que no PT, havia gente corrupta atirou o povo menos informado e outro muito interessado nisso para as mãos de um populista que diz o que gente inculta politicamente e pouco dotada de ferramentas intelectuais quer ouvir. Esse populista é Bolsonaro e esse senhor com um discurso odioso, aproveitando a lubrificação aportada à discussão política de culpabilização do PT por parte dos partidos das elites e o cair em desgraças desses mesmos partidos, guindou-se a salvador dos destinos do Brasil.
Se por um lado não deixou de ser justo o desmembrar do PSDB, por ser o gerador da situação de bipolarização que hoje existe no Brasil, por outro Bolsonaro emergiu perigosamente com um discurso errático de teor autoritário de índole fascista e com a novidade de lhe juntar um ultraliberalismo capitalista desprovido de sentido assistencialista e com ele apresenta-se como o mais que provável próximo presidente do Brasil eleito por muitos dos que serão os principais prejudicados pelas politicas que este homem escabroso defende.
Esperemos que ainda assim reste um núcleo duro de gente que não se deixe enganar por este personagem sinistro e que gostando mais ou menos do PT se aliem agora ao candidato democrático que disputa a presidência com o projeto de ditador de nome Bolsonaro e que impeçam este energumeno de ganhar as eleições.
Sabemos que sejam quais forem os resultados saídos das eleições de hoje a situação vai ser difícil pelos ódios gerados desde a campanha de destituição de Dilma Roussef e aumentados agora durante esta campanha eleitoral, à qual as novas tecnologias e sobretudo as redes sociais com as suas cancerosas fakenews trouxeram tempero extra, tempero esse que pode levar a que após conhecidos os resultados se caminhe para um banho de sangue. Pode caminhar-se para essa desgraçada situação por dois motivos que nos saltam à vista no imediato e que são:
– O facto dos apoiantes mais intolerantes de Bolsonaro sentindo-se legitimados pelo discurso racista, homofóbico, misógino e anti assistencialista e sabendo-se vitoriosos quererem começar de imediato a “limpeza” que o seu guru lhes “vendeu” na campanha.
– O outro fator de fazer caminhar para batalhas campais é o possível facto de perante a vitória, improvável, de Haddad esses mesmos apoiantes de Bolsonaro do alto da sua raiva perdedora e intolerância conhecida, sendo possuidores declarados de armas começarem a despejar essa sua raiva nos que sabem terem votado em Haddad.
Espera-se que não e, sejam quais forem os resultados a democracia e a constituição brasileiras não saiam muito beliscadas destas eleições e que os cenários catastrofistas que hoje desenhamos não passem de meras conjeturas erradas.
Sabemos que é muito mais fácil enganar um cidadão do que convencê-lo que foi enganado… mas ainda assim o que esperamos é que o povo queira tudo o que tem direito em liberdade e que não queira Bolsonaro.
Bolsonaro Não… Bolsonaro Não…Bolsonaro Não – Saravá, meus irmãos brasileiros.
Da hipocrisia…
Nos últimos dias temos assistido a um desfiar de críticas à atuação de Robles, críticas vindas das mais diversas bandas e sensibilidades políticas.
A esses só tenho uma coisa para dizer:
O que é importante é combater legislativamente a especulação desenfreada e a gentrificação das cidades com forte procura turística. É pouco importante, é mediocridade intelectual mesmo, acusar de incoerência ou hipocrisia quem numa determinada altura da sua vida fez uma escolha pelo comprar e valorizar um imóvel, com ou sem a intenção de o vender depois, para incrementar o seu património, vivendo, esse alguém, num mundo que se rege pelas leis do mercado praticamente livre.
A maioria dos que atacam Robles…sim é de um ataque que se trata, o que gostariam era de estar no seu lugar e o que os move é essencialmente a inveja de não estarem.
Sobre coerência e purismo ideológico deixo uma só frase:
Bom é ser “filho da puta” defendendo o ser “filho da puta”, já o ser “filho da puta” condenando o ser “filho da puta” é uma coisa altamente censurável. Sim porque, para a direita nojenta e trauliteira, haverá talvez outra direita, ser hipócrita ou incoerente é muito pior do que ser “filho da puta”. Já sobre a esquerda que alinhou nesse discurso, pequeno, do ataque pessoal, pela incoerência da atuação do Robles, resta-me sentir pena deles…servem a direita e acrescentam zero ao que defendem.
Não me incomoda que no mundo existam um ou mil “filhos da puta”, incomoda-me sim que o mundo se reja por leis “filhas da puta”. Contra essas sempre esteve, muito provavelmente ainda está, o Ricardo Robles. Já o achar que só os “filhos da puta”, por serem e defenderem ser “filho da puta” têm direito a fazer crescer o seu património me incomoda de sobremaneira. Incomodam-me também os que mentem descaradamente para prejudicar outros com base em coisas que podiam acontecer…é que o homem até hoje não vendeu nem lucrou nada e o ter à venda por aquele preço não quer dizer que alguma vez o venda por um preço próximo sequer.
NOTA: O termo “filho da puta” prende-se apenas com comportamentos dos próprios e nada tem a ver com a mamã seja lá de quem for. Prende-se também com a ideia de ser provocador, até violento, para chamar a atenção para o que pretendo dizer. Não vá a malta alinhadinha e bem-comportada, na língua, ficar perturbada com a minha linguagem.
Da baixa argumentação…
“Ne nuntium necare”: Não mate o mensageiro.
A frase anterior é um proverbio latino que foi surgindo das lendas sobre o rei da Pérsia Dário III, que quando derrotado por Alexandre o Grande resolveu matar Charidemos, que foi quem lhe deu a notícia dos resultados da guerra. Também Gengis Khan muitas vezes matava os mensageiros das más noticias ou das notícias que não queria divulgadas.
Esta introdução serve apenas para tentar caracterizar a argumentação de algumas pessoas que, ao arrepio do que é normal e razoável, atacam as pessoas e o seu caráter em vez de tentarem explicar se as decisões que, essas pessoas, tomaram e fundamentaram são corretas ou erradas.
Um bando de “pseudoletrados” e “conhecedores”, ontem sobre o caso Lula, mas também em muitas outras ocasiões, argumentam com a anterior filiação política ou cargos do juízes para atacarem as suas decisões sobre Lula ou outros elementos do PT no caso da justiça brasileira e em várias situações mesmo em Portugal. Ora isso não é mais que a tentativa rasteira de enlamear para tentar ter razão sobre um assunto em que sabem não ter razão nenhuma… as ordens judiciais cumprem-se, como cumpriu Lula e sua defesa as ordens de Moro, mesmo, as ilegítimas. Depois, quando se entende que elas carecem de razoabilidade, apresentam-se as devidas reclamações ou recursos, sempre utilizando as ferramentas processuais que a lei determina para o efeito.
Tornou-se esta atitude de atacar o caráter a única base, nas redes sociais e não só, da análise que os indigentes da intelectualidade utilizam para apoiar ou denunciar as decisões favoraveis ou apoios de terceiros conforme gostam ou não gostam dessas decisões e apoios.
É claro que toda a gente sabe que todos os juízes têm cor política… isso é perfeitamente legitimo e até desejável enquanto cidadãos, o que não podem, os juízes, é deixar que essas suas preferências determinem os seus comportamentos quando decidem sobre um qualquer assunto de interesse público, entenda-se como interesse público o fazer justiça.
Esta atitude, no caso de ontem em relação ao Lula, diz muito mais das pessoas que a usam, atacando a legitimidade do tal juiz Favreto, do que da pessoa que tentam enxovalhar. Fazem-no porque sabem que são parciais e colocam os seus interesses pessoais acima de todos os outros. Enquanto tal, estando numa situação dessas decidiriam em favor dos seus ódios ou amores pessoais, logo imaginam que todos os outros são parciais como eles próprios. Simples assim.
Pior, é que ao usarem essa argumentação rasteira, legitimam que outros o façam em sentido contrário… no caso em análise ontem na “justiça” brasileira e na operação Lava Jato, esses outros poderiam até fazê-lo perante o que até agora se conhece dos comportamentos dos juízes e procuradores nos processos, sobretudo os do Lula…conferencias de imprensa PowerPoint, entrevistas de juízes do TRF4, comportamentos ilegais de Moro em escutas, conduções coercitivas e intervenções em processos sem legitimidade para o fazer. Dessas intervenções ilegítimas de Moro, a última das quais ontem ao obstaculizar, por simples ódio ou interesse politico, a libertação de Lula decidida por um juiz de um tribunal superior. Mais ilegitima se torna quando o processo já não lhe diz, nenhum, respeito por já não estar na sua alçada e por não ser o juiz responsável pelo cumprimento da pena. Fica uma pergunta perante tal comportamento: O que motivará Moro?
Para todos os outros que suportam e até rejubilam com a decisão de Moro, Gebran e Flores deixo umas quantas perguntas:
— O que vos motiva na vontade de manter Lula preso quando a sua condenação pode muito bem ser anulada ou atenuada nas instâncias superiores?
— Parece-vos que Lula quer fugir para não cumprir prisão ou que é um perigo solto para a sociedade?
— Será que vos incomoda que ele se instale como candidato e faça campanha política para as eleições?
— De que têm medo se sabem, como dizem, que a maioria não gosta dele?
— Sabem que a lei, inconstitucional, que permite a prisão em segunda instância não a obriga automaticamente e que ela carece de apurada fundamentação?
— Qual a fundamentação para que Lula esteja preso em segunda instância?
— Sabem que à luz da constituição brasileira Lula é inocente a coberto da tal presunção de inocência até transito em julgado das sentenças condenatórias?
— Acham que alguém inocente, em abstrato, deva estar preso?
Bem sei que as respostas dos possuidores de mau-caráter serão as que derem jeito à sua vontade em cada caso… é por isso que são gente de mau-caráter.
Termino dizendo que eu também acho, por convicção, que tudo o que está a acontecer a Lula na justiça é por interesse dos seus inimigos políticos… para o impedirem de vencer outra vez as eleições. Acho também que os procuradores da Lava Jato, Moro, alguns juízes do TRF4 e até noutras instâncias superiores são parte nesse processo de impedir Lula de ser candidato por medo que ele ganhe as eleições. Também acho que ao não pautar, no plenário do STF, as ações declaratórias que visam pôr fim à prisão em segunda instância, Cármen Lúcia quer prejudicar objetivamente Lula por saber que a lei cairá. Mas as minhas suposições e convicções valem o mesmo que as de todos os outros, ou seja, nada. O que realmente conta é cumprir os procedimentos que determinam as leis e a constituição brasileira, até agora os únicos que não o têm feito são os que têm agido contra os interesses de Lula violando as leis e extravasando competências.
Amigos, amigos da onça, ratos de porão e outras ratas…
Quase me tinha imposto não escrever nada acerca do caso de José Sócrates por achar que é, pelo voyeurismo, um enxovalho à sã convivência numa civilização que se quer apresentar como razoável, mas eis que surge um gatilho que se mostra impossível de não ser acionado… chama-se tal “trigger” Fernanda Câncio.
O mediatismo do caso Sócrates é uma indecência à luz do direito e uma condenação na praça publica. A praça publica sabemos até, que crucificou Jesus Cristo, por isso bem sabemos da sua histeria e vontade de sangue. Portanto quanto a isso não há muito a dizer, todos os que têm dois palmos de testa sabem que é assim, como sabem também quão errada foi a crucificação de Jesus Cristo, segundo a Bíblia, para os que nele ainda hoje acreditam.
Desde já faço uma declaração de interesses, eu esquerdista convicto, acho que só houve um primeiro ministro pior que Sócrates, que foi Passos Coelho, não pelo que fizeram como primeiro-ministro, por estranho que pareça… mas pelas ideias que subjazem à sua filosofia politica, muito mas muito à direita para o meu gosto.
Como tal este texto não é uma defesa de Sócrates, acerca do qual não sei se é culpado ou inocente do que o acusam, nem isso me interessa para já, porque apenas depois de saber o que quem o acusa é capaz de provar ou não, terei opinião sobre tal assunto.
Sei é de fonte segura, que o que eu sei sobre Sócrates não daria para acusá-lo e ainda menos para julgá-lo. Não sei se tal desconhecimento advém de eu ser muito burro quando me comparo com quem sabe tudo sobre ele, apesar de com os mesmos meios que eu, ou se por ser apenas prudente e mais avisado que os absolutamente sabedores.
Escalpelizemos, pois, as palavras que escolhemos para título…
Amigos:
Segundo o dicionário é, de entre muitas coisas outras, mais especificas, aquele que inspira simpatia, amizade ou confiança ou aquele que ajuda e favorece.
Diz-nos a nossa cultura judaico-cristã que amigo é aquele que ajuda sem querer nada em troca, diz mesmo que quem ajuda com o fito no recebimento de ganho futuro não é amigo e é um grande interesseiro. Isto para dizer que tendo uma pessoa possibilidades e outra pessoa necessidades não vejo, nem vê o catecismo católico que inspira tanta gente, essa abnegada ajuda sem querer nada em troca de uma pessoa a outra com maus olhos, menos ainda se são amigos de longa data e relações muito próximas.
Errado até perverso e éticamente condenável é todos julgarem que não há amigos que ajudam sem querer nada em troca e que a busca do beneficio próprio é única constante nas relações.Mas se assim é, para que se fala de ética ou moral?
Eu já tive, perante a dificuldade, a ajuda financeira de muitos amigos, acredito que quem me ajudou não esperava nada em troca que não a devolução, sendo-me ela possível, dos montantes que me emprestaram… a alguns ainda não devolvi e eles mantém-se meus amigos e eu mantenho-me com a vontade ética de devolver os valores e de ser seu amigo.
Sobre a medida das necessidades, que é outra faceta da critica a Sócrates, direi que cada um terá a sua, para uns será o suficiente para comida e para outros o suficiente para usar fatos Armani e viver e estudar em Paris… não quero ter superioridades morais miserabilistas e achar que ajuda digna é só a que tira da miséria ou da fome.
Deixo uma frase de Séneca para enquadrar o que eu digo, imaginando que todos os pobres merecerão ajuda:
“Pobre não é aquele que tem pouco é aquele que precisa muito”.
Amigos da onça:
Sobre estes amigos, reza também o dicionário que são aqueles que parecem amigos, mas não são, querendo, ainda assim, aproveitar-se do que a aparente amizade, que propalam aos sete ventos, pode aportar de ganhos para si. Mas quando essa relação os pode beliscar, aos olhos de outros, querem apagar todo o envolvimento anterior e até acusar de falhas morais e éticas os que antes bajulavam como amigos, dizendo-se agora enganados.
Este grupinho de indigentes da moral e da ética são, digo eu, uns MERDAS. Não sei se Sócrates terá lidado com alguns destes ou não, mas parece-me que sim.
Ratos de porão:
Como não encontro uma definição nos dicionários para este nome, socorro-me do que ouço do povo quando diz que os ratos são os primeiros a abandonar o barco quando este se afunda.
Estão neste caso, em relação a José Sócrates, muitos dos que foram seus correlegionários e até ajudantes de campo (ministros) que nunca saíram em sua defesa, mesmo quando aquilo a que foi sujeito o justificava largamente, já que era também a defesa do estado de direito que estariam a promover.
Sim, eu acho e achará todo o cidadão não movido por ódios a Sócrates, que o comportamento aberrante do MP, do Juiz Carlos Alexandre e de muitos comentadores nos meios de comunicação social, teriam justificado um manifestar de opinião, sobre os procedimentos processuais, por parte do partido socialista, de que Sócrates era destacado militante, mesmo por parte dos membros do governo com responsabilidades nas áreas da justiça envolvidas (ministro da administração interna, ministro das finanças, ministra da justiça e primeiro ministro) e não o costumeiro refugiar na frase batida de “ à politica o que é da politica e à justiça o que é da justiça”.
Sim, tem de ser a política a balizar, é-o quando legisla, os limites/comportamentos dos aplicadores/promotores da justiça. Ficar calado perante a indignidade é ajudar o mais forte quando este se constitui como Juíz e Carrasco e atira um presumível inocente para as garras e dentes do povo.
O que defendo não é que viessem dizer que ele não é culpado, não é dessa defesa que eu falo, embora até a compreenda em amigos e familiares, porque essa inocência ou culpa cabe aos Tribunais apurar e só conta quando das sentenças já não houver mais possibilidade de recurso.
Sei que a inocência até transito em julgado é também uma frase batida, mas nenhum estado de direito pode, em nenhuma altura, afastar-se deste preceito fundador do direito que subjaz à nossa civilização/justiça.
Então como ratos do porão classifico todos os que de forma mais clara ou mais velada foram abandonando José Sócrates à sua sorte numa luta tão desigual como aquela a que qualquer cidadão é sujeito quando tem de enfrentar a máquina judicial do estado, quase sem limite de meios para acusar, quando comparada com um qualquer cidadão no que toca a defender-se. Falamos de meios humanos, financeiros e prazos, o que configura um claro inclinar do campo em benefício do acusador.
Como não me tenho por covarde digo nomes, nestes de quem falo incluo António Costa, Carlos César, Santos Silva, João Galamba e a guerrilheira Ana Gomes com as suas lutas de guerrilha umas vezes justas outras completamente alucinadas e sem nexo. Depois há mais uns coios d`indigentes que gravitam pelo partido, dentro e fora dele, mas que não contam para o totobola.
Outras ratas:
Chegamos por fim às outras ratas, perdoe-se-me a brejeirice, sim é com o significado popular que uso o termo rata porque ele define um sexo e no caso o do tal gatilho que despoletou esta minha vontade de escrever este texto, a Fernanda Câncio .
Tudo porque a Fernanda Câncio, pessoa de quem costumo ler as opiniões e até maioritariamente concordar, além de ser mulher é também das que perante o eventual naufrágio do barco de Sócrates se mostra agora disposta a abandonar, como os ratos, esse mesmo barco.
Esse abandonar do barco podia apenas fazer dela uma simples rata de porão, não tivesse ela sido beneficiária liquida dos gastos de José Sócrates, coisa indesmentível quando sabemos, por ela, que nunca pagou nenhuma das suas férias, das que fizeram em conjunto, que nunca se preocupou, nessa altura, com a ética que agora parece exigir ao antigo namorado ou amante, ou lá o que teriam sido, ao não questionar a origem de tais fundos ou até mesmo do beneficio em si… pois este beneficio resulta de uma ligação emocional que não será muito diferente da amizade.
Sim, o dicionário, numa das definições de amigo, daquelas mais especificas, encontra nos namorados, amantes e amásios sinónimos .
Uma pessoa tão adepta da igualdade de direitos entre géneros, até feminista e articulista virtual nesse grupo de senhoras feministas que se chama Maria Capaz, como se acomoda sem questionar a tal boa vida?
Sim, essa boa vida que ela agora questiona em Sócrates por uma parte dessa vida ter sido feita em cima de empréstimo ou doações do amigo Carlos Santos Silva, quando a boa vida dela, Fernanda, era também doada por José Sócrates.
Não se me consta que ambos alguma vez tivessem tido contas conjuntas e mesmo que as tivessem tido então seria igualzinha a Sócrates, no que é éticamente reprovável, ao aceitar de Sócrates o que este aceitava do amigo, para tais ajudas ao bem-estar de ambos.
Entendo, com tolerância, que alguém que é intelectualmente e psicologicamente menos resistente do que José Sócrates, quando visada, perante a novela indecente que nos foi colocada diante pelas miseráveis televisões e seus miseráveis jornalistas, não tenha a capacidade de resistir ao esforço e queira por todos os meios desculpar-se por ter sido beneficiária líquida do que ora critica. É típico dos fracos emocionalmente e nos de ética questionável.
Usando um calão de aldeia recomendado na minha juventude, nas discussões entre vizinhas desavindas é o chama-lhe PUTA antes que ela te chame a TI.
A Sócrates deixo um conselho: escolha mais amigos e menos amigos da onça, selecione melhor os ratos que leva para o barco e sobretudo escolha bem as ratas da vida.