Este governo não pode de todo ser acusado de não promover consensos, pois promove-os e de uma forma bem vincada, só que os consensos são criados em torno da oposição às medidas propostas pelo governo.
Conseguiu mesmo unir na contestação a ala comunista a muitos sociais-democratas além de democratas cristãos de referência, passando pelo balançante PS.
Pois bem, sem ter escutado a comunicação do primeiro-ministro nem ter escutado a voz dos contestatários, li algumas coisas das quais destaco a notícia abaixo.
Ver reações às medidas in Expresso
Depois de ler estas reações só posso concluir que em promover a união de todos contra a governação, nunca ninguém foi tão capaz como esta gente incompetente que hoje governa neste país. Têm gente de todas as áreas partidárias, sindicais, patronais, reformados, professores, desempregados e sobretudo os mais idosos com pensões miseráveis e com custos de saúde quase insuportáveis pelos seus míseros proventos. Todos em clara oposição às anunciadas medidas, mas que ainda não foram levadas ao pormenor, apenas balizam as áreas de ataque ao social e à função pública.
O que terá esta comunicação de compatível com a do ministro Alvaro há uns dias atrás? Creio que uma será quase o anular da outra pela via da baixa do consumo e do aumento de desemprego que isso causará. Por isso antes disse que daria o benefício da dúvida mas não aplaudiria pois antecipava que aquelas seriam apenas medidas no papel para acalmar os contestatários.
Rara capacidade de mobilizar os portugueses em torno de uma causa, mas quando julgamos não poder ser mais surpreendidos, zaz, lá vem mais alguma coisa ainda pior que antes.
Espero sinceramente que o presidente da república seja intelectualmente sério e perceba o sentido das palavras que disse no Peru, quando dizia não existir democracia sem justiça social. Esta gente promove a injustiça de uma maneira nunca antes vista desde que temos democracia.
Não entendemos assim o não dissolver a assembleia da república e com isso levar a novas eleições, perderíamos dois meses ou três, pois se estas medidas avançarem, perderemos uma ou duas décadas para voltar ao patamar de qualidade de vida da década de noventa do seculo passado, isto para a grande maioria dos portugueses, depois sempre existem os beneficiários líquidos destas coisas, são eles os mais ricos e os que vivem em tornos dos grandes grupos económicos, da banca e alta finança.
Qualquer solução que encontremos pós-eleições só pode ser melhor que esta que temos, não vendo eu maneira de não se concordar com esta minha afirmação sem que a razão da discórdia seja outra que não a ligação politica a este governo.
Um presidente que disse no fim de ano que estas medidas estavam a causar uma espiral recessiva, não terá perante o agravar delas a obrigação de lhes por fim? Creio que sim, ou pelo menos dar aos portugueses a possibilidade de se pronunciarem a favor ou contra elas, sufragando ou não este governo ou estas políticas em eleições.
Espero que a haver as tais eleições, este atual PS, mais que possível vencedor delas, depois não dê cobertura a esta matança da classe média, seja ativa ou reformada. Perderei totalmente o respeito por esse partido se hoje diz uma coisa e depois vier a fazer outra na governação.
Creio que se deve coligar à sua esquerda e tentar levar a cabo medidas governativas que estimulem o emprego rapidamente, permitindo a todas as empresas descapitalizadas a sua capitalização desde que apresentem projetos viáveis de criação de emprego. Seja qual for a sua situação contributiva em relação ao estado e ainda obrigue a banca a renegociar as dividas das empresas para consigo de forma a regularizar os incumprimentos. Bem sabemos que os incumprimentos nem incomodam muito a banca pela maneira como gerem as imparidades e as perdas causadas por elas. Isto em linha com as medidas apresentadas no seu XIX congresso na semana passada.
MAIS UMA VEZ APENAS ENCONTRAMOS SAÍDA NA DEMISSÃO DO GOVERNO E NA REALIZAÇÃO DE ELEIÇÕES.
AO MESMO TEMPO TEMOS ALGUMA ESPERANÇA NA APROXIMAÇÃO DO PS À ESQUERDA PARLAMENTAR NO SENTIDO DE VIABILIZAR UM FUTURO GOVERNO. APELAMOS TAMBÉM AO SENTIDO DE DEVER DA “CDU” E DO “BE” PARA QUE POSSIBILITEM O ENTENDIMENTO, AFROUXANDO ALGUMAS DAS RECLAMAÇÕES MAIS FRATURANTES.