Ontem vi e ouvi na TVI numa entrevista com a Judite Sousa o ex-candidato a presidente da república Manuel Alegre. Escutei atentamente as suas palavras e a sua ideia de política e as premissas em que sustenta a sua ideologia.
Dessa entrevista, a TVI ainda só tem um trecho disponível nos seus vídeos, ou eu não sei fazer a busca para encontrar o vídeo certo.
Veja aqui
Vamos ao que interessa, esta entrevista num tom calmo pausado e de excelente português, com enorme limpidez de raciocínio e simplicidade linguística, demonstra que quando os portugueses escolheram Cavaco Silva por alternativa a este senhor Manuel Alegre ou estavam tolos ou Salazar teria alguma razão para justificar o impedimento de eleições livres na falta de cultura política dos portugueses. Estaríamos muito mais bem representados se ele tivesse sido eleito por vez do atual presidente.
Este senhor fala bem, sabe do que fala é ideologicamente o que entendemos como acertado para ser o timoneiro no atual panorama de crise e de deriva neoliberal. Embora defendamos que a figura do presidente da república é pouco importante no enquadramento político português, um presidente com o perfil de Manuel Alegre seria bem mais atuante que o atual presidente que apenas fala generalidades e faz apelos chamando a atenção para o que já disse alguns anos antes. Não faz nada, mas diz que o que está a acontecer ele já tinha previsto e alertado. Só algum avanço na idade e alguma senilidade podem explicar os entendimentos e atuação do nosso presidente.
Diz Manuel Alegre, bem no nosso entender, que a este governo só restaria a dignidade de se demitir e que o povo deveria pronunciar-se em eleições. Também nós o defendemos como única saída para esta situação de marasmo governativo onde só a redução da despesa interessa, ainda que depois essa redução se mostre contraproducente como temos visto. Este governo não só não promove nenhum tipo de medidas estimulantes da economia como tem vindo a destruir o tecido empresarial deste país. Não governa e antes desgoverna. O pior desta inatividade governativa, fora do estrito agradar à troika, é que tem agravado todos os indicadores para os quais tem dirigido todas as energias do governo. Conter a divida, reduzir o deficit e os cortes da despesa são muito inferiores aos que pretendia bem como a receita fiscal bem abaixo do previsto.
Tudo o que atrás foi dito seria de relativo interesse se os portugueses não estivessem a ser sujeitos a um clima de tortura e ameaça permanente de ainda vir a piorar a coisa. Esta situação destrói a esperança de qualquer cidadão bem-intencionado e coloca a maioria dos portugueses apenas a preocupar-se em como pagar as suas contas e em torna-las cada dia mais pequenas em detrimento de pensar em como pode ser mais produtivo e impulsionador da economia.
Para concluir, não temos grandes dúvidas que se Alegre fosse agora o nosso presidente estaríamos numa situação politica bem diferente, pois este governo ou arrepiava caminho ou a assembleia da república seria dissolvida e convocadas novas eleições. No entendimento de Manuel Alegre esta assembleia com estes deputados já não representa o povo que os elegeu, isto dependendo do ponto de vista pode perfeitamente ser entendido como um irregular funcionamento das instituições. Já para não falar nas divergências no seio da coligação governativa e na instabilidade que isso provoca. Também a forma leonina com que o primeiro-ministro se dirigiu ao TC pondo em causa a sua atuação, nos parece a nós e a Alegre um atentado ao regular funcionamento das instituições.
SE ALEGRE FOSSE O PRESIDENTE, ESTE GOVERNO JÁ TERIA OUTRA GOVERNAÇÃO OU JÁ TERIA SIDO POSTO FORA.
TERIAMOS GANHO MUITO, EM TERMOS DE POSTURA, DE IMAGEM, DE DISCURSO E EM TERMOS POLÍTICOS SE NAS ULTIMAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS TIVESSEMOS MANDADO O PROF. CAVACO IR AQUECER OS PÉS À SUA MARIA LÁ PARA A QUINTA DA COELHA E TIVESSE-MOS ELEITO MANUEL ALEGRE PRESIDENTE DA REPUBLICA.