Lemos hoje que será Paulo Portas quem está a travar a aplicação drástica de algumas das medidas propostas por Passos e Gaspar.
Parece mesmo que alguns ministros já começam a fazer esforços para aguentar a situação de algum desentendimento nas reuniões do conselho de ministros, lançando desabafos impróprios em pessoas que têm a obrigação de nos governar competentemente.
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Para aqueles que ingenuamente teimam em não perceber que a única coisa que ainda mantem a coligação e o governo é a ansia de se agarrar ao poder, basta irem lendo a comunicação social, escutando alguns comentadores e observarem as manobras táticas do CDS para tentar passar pelos intervalos das gotas desta chuva acida que são as medidas de austeridade propostas pelo governo.
Continuamos por isso a dizer que por muito e bem que mintam em relação à solidez da coligação, não vão conseguir manter a mascara por muito mais tempo. Nesta operação de mentira cosmética participa claramente o senhor presidente da república ou então é um dos milhões de ingénuos que acreditam na solidez da coligação e do apoio parlamentar dos dois partidos. Mas se ao normal e comum dos cidadãos se pode aceitar tal ingenuidade, ao presidente da república, que tem centenas de assessores, tanta ingenuidade soa a burrice ou má-fé.
O tempo mostrará, no que respeita aos partidos da coligação, que é mais o que os separa que aquilo que os une, ainda que façam um teatral esforço para demonstrar o contrário.
Para encerrar este assunto digo que para todos perceberem que, este governo já não tem força anímica nem coordenação, basta compararem a postura do senhor primeiro-ministro no último debate quinzenal na AR com a dos anteriores debates. Já não tinha o ar de superioridade, já não se ria das intervenções dos deputados dos partidos da oposição, chegando mesmo a quase bajular a sabedoria e cultura democrática dos que antes criticava ferozmente. Tal será o desnorte e a falta de soluções que grassa nas reuniões do conselho de ministros, que ao que parece frequentemente descambam em acesas discussões.
Paralelamente a esta situação de instabilidade politica no seio do governo e da coligação, vão-se ouvindo umas atoardas vindas daquele impoluto presidente do Eurogrupo.
Noticia sobre declarações do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem
Agora em clara oposição ao discurso anterior da UE e ao discurso atual e anterior do governo português, veio dizer que Portugal poderá pedir um prolongar do ajustamento. Socorrer-me-ei aqui de novo Churchill para demonstrar a forma de atacar o problema por parte da UE. Churchill, numa das suas alocuções dizia perante o tardar da decisão norte americana em entrar na II guerra mundial: “Os americanos vão ajudar-nos nesta guerra por uma simples razão, é a de que sempre fazem a coisa certa. Mas fazem-na apenas depois de ter experimentado todas as outras hipóteses”, tal situação compara com as posições do Eurogrupo e dos credores da Troika, admitem sempre fazer a coisa certa mas apenas depois de terem levado à desgraça os países sobre ajustamento, por lhes terem imposto medidas desnorteadas e sem nenhum resultado positivo.
Onde ficará agora a frase forte do primeiro-ministro e do seu lacaio Gaspar? A tal frase:” nem mais tempo nem mais dinheiro”. Pois é que agora ficam com a batata quente nas mãos ou admitem o falhanço inicial, aliás por demais visível, aceitando a proposta e desmentem assim toda a sua anterior retorica, dando com isso razão à oposição. A outra hipótese é manter a estupida posição e não aceitar esta abertura continuando a sujeitar o país a uma austeridade tola e sem sentido levando-nos ao mesmo resultado só que mais tarde e sacrificando os portugueses de forma criminosa.
Que ninguém tenha dúvidas, sem medidas drásticas de renegociação do memorando para condições possíveis de levar à prática, estaremos condenados a segundo resgate e a um subsequente perdão de parte da dívida. Seremos assim o que sempre fomos iguais à Grécia, só que um povo ainda mais pobre e menos reivindicativo.
CONTINUAMOS A BATER NA MESMA TECLA, A INSTABILIDADE POLÍTICA É GRITANTE NO SEIO DA COLIGAÇÃO QUE NOS GOVERNA, AS POLÍTICAS DO GOVERNO APENAS TÊM AGRAVADO A JÁ PÉSSIMA SITUAÇÃO DAS CONTAS PÚBLICAS, TORNANDO ASSIM INJUSTIFICÁVEIS OS SACRIFICIOS A QUE OS PORTUGUESES ESTÃO SUJEITOS.
O EUROGRUPO ADMITE A POSSIBILIDADE DE MODERAR A AUSTERIDADE E A NECESSIDADE DE PROMOVER O CRESCIMENTO, EM OPOSIÇÃO AO QUE SEMPRE DISSE ESTE INCOMPETENTE E GENOCIDA-SOCIAL GOVERNO.
ORA SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA, ESTAS NÃO SERIAM JUSTIFICADAS RAZÕES PARA DEMITIR ESTE GOVERNO DISSOLVENDO A JÁ NÃO REPRESENTATIVA, DA VONTADE POPULAR, ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA? QUANTO A NÓS CLARAMENTE AS ATRÁS CITADAS CONDIÇÕES OBRIGARIAM UM CONSCIENTE PRESIDENTE A FAZÊ-LO.