Esta gente do governo e seus correligionários, já saíram da área do económico e da política e entraram clara e perigosamente no campo do ideológico.
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=25&did=99414
Que ideia terão para o Portugal do futuro? Dizem que ninguém quer um país pobre, mas todas as ideias que dão vão nesse sentido, ou se não o de fazer um país pobre, pelo menos fazer a maior parte dos seus habitantes pobre. Sim porque até pode ser rico o país, mas toda a riqueza estar concentrada em meia dúzia de privilegiados mais dois ou três grupos económicos.
Esta é claramente a ideologia de alguns seres pensantes que colaboram com este governo e que norteiam as suas políticas económicas. Pois e sem querer parecer tão sábio como o ilustre António Borges, digo que tudo o que têm dito acerca de fazer crescer o número de postos de trabalho se tem revelado errado, pois vejamos: não era para criar emprego que era preciso flexibilizar as leis do trabalho, desde o tempo de Santana Lopes? Lembro-me bem disso e Bagão Félix o dizer claramente na altura.
Nessa altura o que criava desemprego era a dureza das leis laborais, se estas fossem revistas o desemprego cairia de imediato. Pois reviu-se a lei laboral, flexibilizou-se o despedimento, ultimamente baixaram até as indeminizações por despedimento. Pois e o que vemos? Mais desemprego.
Agora para criar emprego dizem que é necessário baixar os salários. Até concordo, se falarmos dos salários de alguns como o Sr. Borges e outros como ele que ganham muitas centenas de milhares de euros ao ano. Mas num país onde o salario medio anda abaixo dos 1000€/mês o que ainda pretenderão baixar e para que servirá? Talvez para enriquecer alguns empregadores mas ninguém cria um posto de trabalho por ele ser barato, cria por ter trabalho que precisa de ser feito e não ter a mão-de-obra suficiente e só por isso. Será muito difícil de perceber isto a esta gente? A nós parece-nos básico.
Comparar seja que situação for com a Irlanda em termos de salários é uma aberração da natureza, pois o salario mínimo na Irlanda é 50% mais alto que o salario médio em Portugal. O apenas falar da possibilidade, de baixar o salario mínimo, mesmo que assumindo que se não fará, já é revelador da ideologia desta gente. Querem a pobreza de muitos para alguns, poucos, viverem muito bem. Pois baixem o salario dos políticos 20% e o dos consultores 50% e o dos administradores das grandes empresas com salários pornográficos baixem para salários cristãos entenda-se os cristãos por razoáveis.
Agora um simples pensamento, sob a forma de questão e sua resposta, de uma pessoa que já teve muitos empregados e agora não tem nenhum.
Como se cria empregos num país onde as pessoas não têm dinheiro para consumir o suficiente para manter a procura interna a funcionar? Só encontramos uma resposta, dando capacidade de aquisição aos cidadãos que agora a não têm. Muitos ainda têm essa capacidade e vão consumindo, pois veja-se desses quem pode perder um pouco para distribuir melhor fazendo chegar aos outros. Mas não sob a forma de caridade bacoca, isso causa-nos até irritação. Será dando-lhes trabalho com salário digno, ou o estado subsidiando durante o tempo necessário para que o consumo interno não diminua da forma que está a acontecer.
Temos em Portugal um tecido empresarial, que foi sendo criado em cima da procura interna, e embora tendo vindo ultimamente a fazer a transição para a criação de mais empresas exportadoras, tal apenas se deve à baixa da procura interna, pois para exportar essas pequenas empresas têm obrigatoriamente de baixar as suas margens de lucro, pois temos de competir com outros países de produção muito mais barata e as suas estruturas produtivas e comerciais não estavam vocacionadas para a exportação, alem de que as suas tesourarias normalmente não suportam o tempo e o custo que medeia entre a venda a fabricação e o recebimento.
Tem de se fazer viagens para vender no estrangeiro, gastam-se fortunas nisso, depois é necessário adquirir as matérias-primas e transforma-las e fazer o transporte e só depois receber, normalmente este ciclo terá no mínimo seis a oito meses. Que empresa pequena aguenta isto o tempo suficiente para ser bem-sucedida? Muito poucas cremos nós.
Admitimos que muitos salários poderão baixar, mas não sei se o estado e seus consultores já perceberam que a cada baixa de salários corresponderá uma imediata baixa da receita dos impostos sobre o trabalho e das receitas da segurança social, talvez ainda necessitem de mais evidências para o perceber.
Cremos que a medida acertada estará mesmo no oposto e é na subida dos salários mais baixos que encontraremos alguma capacidade de gerar emprego, pois vamos dar a essas pessoas a capacidade de comprar o que agora não podem, mesmo que seja consumir apenas mais um café por dia. Comprando geram receitas para as empresas que produzem os bens, logo mais lucros, com mais lucros e a procura dos seus produtos a aumentar as empresas criarão naturalmente empregos, pois ser-lhes-ão necessárias mais mãos para fazer o trabalho que a nova demanda imporá.
Falando agora apenas sobre o salário mínimo, que tem aproximadamente 500.000 pessoas a recebê-lo. Se o baixarem quantos postos de trabalho creem que se criarão? Nós temos uma ideia, apenas empírica e baseada na nossa experiencia, e responderemos poucos ou nenhuns. Mas ainda que se crie uma mão cheia desses empregos de 450€ aproximadamente, o que aumentará isso o consumo e assim a criação maciça de emprego? Nada de significativo, temos disso a certeza.
Com estas ideologias ultraliberais capitalistas, desta gente que nos governa a nós e mesmo a uma grande maioria do mundo ocidental, temos assistido ao empobrecer dos países e á instalação de crises económicas por períodos temporais muito mais longos que o que era habitual. Em quinze anos passámos em Portugal do pleno emprego, na governação Guterres, aos 17% de desemprego na governação Passos Coelho, 5% de aumento nos ultimos 20 meses. A continuar este caminho chegaremos aos 20% antes do final do ano. Mesmo com a baixa de rendimento disponível, generalizada, da maioria dos portugueses, ou alguém tem dúvidas dessa baixa? Essa baixa de rendimento disponível não é já uma baixa de salários Sr. Borges?
Pois obriguem-se os bancos a financiar as empresas e preste o estado garantias para isso, obrigando a determinadas condições a banca e as empresas financiadas, permita-se o financiamento em função dos empregos a criar ou a manter em vez de contas muito bonitinhas e outros rácios, que no final valem o que valem. Será com um banco estatal de fomento ou de investimento ou com a banca privada? Para nós tanto faz, desde que chegue financiamento às pequenas empresas responsáveis neste país pela criação de 90% do emprego. São as falências destas que têm o desemprego nos niveis que está, ou ainda não deram conta?
TEMOS A CERTEZA DE UMA COISA, A CULPA DA ATUAL SITUAÇÃO E DO DESEMPREGO É MUITO MAIS DA FINANÇA E DA ESPECULAÇÃO POR SI PROMOVIDA, QUE PELO CUSTO DO TRABALHO.
NÃO SE ENTENDE QUE PESSOAS QUE SÃO DESPEDIDAS DE EMPRESAS SOLIDAS E QUE DÃO LUCROS, POSSAM TER SIDO DESPEDIDAS E VENHAM RECEBER SUBSIDIO DE DESEMPREGO,CASO DOS BANCOS, ALEM DE DEIXAREM DE CONTRIBUIR COM RECEITAS PARA O ESTADO SOBRECARREGAM A JÁ DEPAUPERADA SEG: SOCIAL.
POR ESTE CAMINHO, ATÉ PODEMOS TER MELHORIAS NO RATING, MAS TORNAREMOS POBRES OS ATÉ AQUI REMEDIADOS E TORNAREMOS A CLASSE MÉDIA EM REMEDIADOS OU POBRES. VOLTAREMOS A TEMPOS IDOS EM TERMOS CIVILIZACIONAIS. E SEREMOS CONFRONTADOS COM OS PERIGOS DAÍ ADVINDOS.