Sempre existe a possibilidade de ser surpreendido, foi o que aconteceu hoje ao ler uma notícia onde é transcrita a opinião do presidente do parlamento europeu, um socialista alemão, Martin Schulz.
http://economico.sapo.pt/noticias/salvamos-os-bancos-mas-podemos-perder-uma-geracao_164552.html
É este um discurso muito acertado, era bom haver coragem para o levar à prática. É que bonitas palavras não enchem barriga, podem até ser entendidas como engana tolos, se não forem devidamente enquadradas e justificadas.
Para nós é claro que se há dinheiro para salvar os bancos, sem olhar sequer a quanto custa, colocando esse desiderato de teor capitalista adiante de todas as coisas, passando por cima do interesse básico das pessoas para salvar os sistemas financeiros e os investidores/especuladores. Porque hão-de ser os cidadãos em geral a suportar as extravagâncias dessa gente que ainda hoje, capitalizados pelos ganhadores de 500€ mensais, continuam a ganhar milhões anualmente?
Será que a finança é mais importante que as pessoas? Sabemos a resposta de um lado e de outro da barricada, entenda-se como barricada a ideologia em termos de distribuição da riqueza dos povos.
Ficamos contentes que um alemão, embora um pouco diferente por ser socialista, tenha esta mentalidade mais amiga das pessoas e menos da finança. Veja-se o que hoje se diz da vontade da senhora Merkel, nada de mais prazo para Portugal e Irlanda, ela tem umas eleições para ganhar e demonstrar que os periféricos são maus é bom para a sua imagem, fazer-nos sofrer fica-lhe bem, quais vingativos seres, esses alemães mais à direita.
Se se aplicasse metade da dinheirama que se aplicou na banca a criar emprego e a dar poder de compra aos cidadãos, até a situação da banca estaria resolvida com os dinheiros desses mesmos cidadãos. Mas não, somos imediatistas na salvação de uns, esquecendo que se as pessoas fizerem cair o euro, todo o sistema financeiro ficará à beira do colapso, por total falta de capacidade dos cidadãos para pagar a divida aos bancos e desses bancos para pagarem aos seus credores, ou dos estados para pagarem as suas dívidas soberanas.
Sim, acreditem que não é por as rating fazedoras dizerem que já estamos fora da situação de incumprimento que efetivamente o estamos, pois se Portugal sair do euro ou o euro desaparecer, seremos incapazes de pagar a divida, isto vale para qualquer periférico ou outro qualquer que tenha uma economia de dimensão média europeia. Com as consequências que daí viriam para o sistema financeiro.
Em termos meramente teóricos, se hoje ninguém pagasse nada a ninguém, tudo ficaria igual. Na antiga Roma e na Grécia antiga, havia de tempos a tempos, um dia do perdão das dívidas, pois nem por isso o mundo deixou de fazer o seu caminho.
POIS PERCAM-SE ENTÃO OS BANCOS, MAS NÃO SE PERCAM AS PESSOAS, AS GERAÇÕES QUE TEORICAMENTE DEVERIAM GARANTIR A CONTINUAÇÃO DE UM CERTO BEM-ESTAR SOCIAL COM OS SEUS RENDIMENTOS E PROPORCIONAIS IMPOSTOS.
SE PERDERMOS UMA GERAÇÃO, POREMOS EM CAUSA DUAS OU TRÊS. SERÁ ISSO QUE ALGUNS MAIS ILUMINADOS QUEREM?