Sabemos que o PS enviou, ontem, uma carta aos partidos mais à esquerda com a possibilidade de coligação com o BE e o PCP, na tentativa de ganhar as autarquias governadas pelo PSD ou CDS.
Veremos quais as possibilidades de entendimento entre estes partidos, que recorde-se até já aconteceu entre PS e PCP em Lisboa, com resultados muito satisfatórios.
Quanto a nós, claramente gostaríamos de ver esta coligação de esquerda alargada a todas as autarquias e ao governo que resultar das próximas eleições. De acordo com o que já ouvimos defender à deputada independente nas listas do PS, Isabel Moreira, e essa sim parece-nos ser a solução para os problemas da nossa economia e da nossa sociedade.
Todos teriam de fazer cedências, mas nem seriam assim tantas, vejam-se as autarquias governadas pela CDU e a que regras se sujeitam e que tipos de diferenças se encontram na governação dessas autarquias. Concluir-se-á que poucas ou nenhumas, apenas privilegiando alguns aspetos em relação a outros, mas tudo dentro da normalidade democrática.
Todos são partidos democráticos, com ideais de esquerda na sua génese. Tendo apenas o PS a dura tarefa de conjugar essa sua matriz de esquerda com um memorando de raiz claramente ultraliberal, que também assinou. Mas terá de ser, a realizar esse exercício de contorcionismo politico, que o PS deverá convencer os possíveis parceiros à esquerda que pode mudar muitas coisas que estão a prejudicar os trabalhadores e os mais pobres.
Se alguém tem responsabilidades na atual situação do país, esses serão apenas os que governaram até hoje, o PSD/PS/CDS, não se podendo atribuir responsabilidades a mais ninguém do espetro político nacional, pois nunca foram parte integrante de nenhum governo.
Seria bom que nas próximas eleições os dois partidos da esquerda, BE e CDU, tivessem mais que 25% dos votos expressos, para com isso condicionarem claramente a formação do governo. Não cremos que num país de anticomunismo primário, tal seja possível para já. Teremos ainda de sofrer mais um pouco ou até chegar à fome e pobreza profundas para as nossas gentes perceberem que temos de cortar radicalmente com determinados caminhos e procedimentos e que será nas políticas de esquerda que a classe média e os mais pobres encontrarão de novo algum apoio e bem-estar.
Temo que o radicalismo de algumas posições do PCP, tenha apenas como fito o ser eternamente oposição. Se recusa sistematicamente qualquer entendimento com o PS ou mesmo com o BE, nunca chegará a ser governo, por falta de apoio suficiente dos eleitores. Gostávamos de ver alguma moderação na radicalidade do PCP e a assunção da vontade de querer integrar uma solução governativa à esquerda, não partindo de extremadas posições que impedem de imediato tal entendimento com os outros dois partidos.
Bem sei que a bem da honestidade intelectual, não podem mudar radicalmente a sua filosofia política, mas podem tentar o tipo de entendimentos mínimos para coabitar na governação quer das autarquias quer mesmo no governo do país. Também o PS terá de fazer cedências e afastar-se um pouco do centrão causador da nossa atual situação.
SÓ ENCONTRAREMOS O RECENTRAR DAS POLITICAS E O REGRESSO A ALGUM BEM-ESTAR SOCIAL, NO VIRAR À ESQUERDA DAS NOSSAS GOVERNAÇÕES. AINDA QUE SEJA APENAS PARA DEVOLVER ALGUMA DIGNIDADE AOS TRABALHADORES E AOS MAIS POBRES.
ESPERAMOS ASSIM QUE O APROXIMAR DESTES TRES PARTIDOS SEJA POSSIVEL E QUE IMPERE O BOM SENSO ENTRE OS SEUS DIRIGENTES. A IDEIA DE TER UM GOVERNO PS/PSD RESULTANTE DAS PROXIMAS ELEIÇÕES, ASSUSTA-ME DE SOBREMANEIRA E FARÁ COM QUE ACHE QUE ESTE POVO MERECE O SOFRIMENTO PORQUE PASSA.