É no meio do Atlântico (Açores) que sou surpreendido pelas declarações de Jerónimo de Sousa nas quais diz que viabilizará um governo do PS no atual quadro parlamentar e sem pedir grande esforço de aproximação do PS ao seu (da CDU) programa de governo. Aliás na prossecução da sua ideia base que era a de derrotar a direita.
Ora perante este avanço do PCP na tentativa clara de evitar que seja a direita a governar (PaF) e ao que se junta a vontade de Catarina Martins do BE de viabilizar um governo PS que não toque em três ou quatro linhas vermelhas que ela já estabeleceu,o António Costa fica numa posição que não deixa dúvidas ou se assume como de esquerda e apoia uma das moções de rejeição que os dois partidos já disseram irem apresentar ou de uma vez por todas demonstra ser um meias tintas de centro direita… Sim claro, isso implica que não tenha medo de ser primeiro-ministro e queira governar contra a austeridade e de uma forma que represente a esquerda portuguesa e que é a clara maioria dos portugueses.
E não, não vale a pena virem os arautos da desgraça e as virgens ofendidas dizer aos quatro cantos do mundo que isto será um golpe PRECiano… A situação mais não é que a tradução democrática da vontade da maioria dos portugueses.
Se não vejamos:
-Votaram na coligação menos de 4 em cada 10 votantes.
-Sessenta por cento dos votantes não se revê nesta coligação que tem governado.
-Mais de 3 em cada 10 votantes queria Costa como primeiro-ministro.
-Os votantes dos dois partidos à esquerda do PS ao que se somam outros que não elegeram deputados preferem um governo PS a um governo da coligação PaF. Estes partidos representam mais de 2 em cada 10 dos votantes.
O que será pois mais PRECiano, o ter um PM escolhido por uma minoria ou um escolhido e que representa as preferências de uma maioria?
Depois aparte a questão moral temos a constituição que permite perfeitamente esta situação e a legitima, bem sabemos que os representantes da coligação não lidam bem com a CRP como o demonstraram sistematicamente na sua governação, mas ainda é e será por muito tempo a lei fundamental em Portugal.
Estamos, eu e muitos, na expectativa do que decidirá António Costa. Se o afrontar uma direita castigadora e ideologicamente perigosa ou encolher-se e não promover a aproximação dos três partidos de esquerda que lhe está a ser oferecida como nunca foi antes a outro qualquer.
Para mais do que sabemos até agora nem sequer foram exigidos a Costa lugares de governação no elenco governativo para que viabilizem um governo do PS. Estabeleçam pois os três partidos as linhas possíveis para que o PS governe com estabilidade e que este pratique efetivamente politicas que defendam o Estado Social e a maioria dos portugueses verão alcançados os seus anseios de correr com a governação da coligação das suas vidas.
Venha de lá esse governo de esquerda. Em democracia, quando a vontade da maioria é respeitada, tudo o que acontece é legítimo… Mais azia daqui, menos azia de acolá.
Perfeito