Diário

Ministros improváveis

Parece que Passos Coelho teve dificuldade em arranjar quem com capacidade queira ser ministro mas não possa sequer sentar-se no gabinete e mandar uma só coisa que seja… Como tal sujeitou muitos dos que durante 4 anos o acompanharam e juntou-lhe alguns que acham que ser ministro por uma semana que seja, lhe melhora o curriculum e traz algum prestígio.
Como é um governo a brincar e só serve para apalhaçar a nossa pobrezita democracia, podia trazer algum humor ao palácio de Belém e brindar-nos com um momento de humor ácido e obrigar Cavaco a dar posse a um elenco tão a brincar como o que lhe vai levar mas assumidamente para rir. Os portugueses precisam de uns momentos de descompressão e boa disposição e isso traria alguma dignidade a um ato que nada tem de sério.

Assim recomendo-lhe o seguinte elenco:

Para as obras públicas o Tino de Rans, é calceteiro com experiência, tem vontade de aparecer na televisão e é um anunciado candidato à presidência sem hipóteses de ser eleito.

Para a relação com a comunicação social vai muito bem o convite para o Emplastro, gosta de ser televisionado e tem relação fácil com todos os jornalistas, sempre pode ajudar na propaganda que se tem visto.
Para a economia pelas suas capacidades de motivar e fazer acreditar em coisas que não existem recomendo o professor Alexandrino, não será pior do que Pires de Lima na arte da adivinhação.

Para a justiça pode reciclar o Dr. José Maria Martins, tem uma noção muito própria do que deve ser a justiça e tendo um ar discutível não aparece com ar de alucinado como aparecia a anterior ministra que parecia sempre conservada em álcool e psicotrópicos.

Na pasta da agricultura por vez da MILF, Dr.ª Assunção Cristas, podia muito bem juntar ao grupo de notáveis o ilustre Zé Maria do antigo reality-show de um canal de televisão, já que ao que parece o homem hoje em dia até sabe tratar de galinhas e já está habituado a ser apalhaçado.

Para a cultura devia ter convidado a atriz porno Erica Fontes, trazia atrevimento ao governo e sempre poderia ajudar a promover a indicação da ERC que recomenda ao canal HOT que passe mais conteúdos de produção nacional.

Para a pasta da saúde recomenda-se alguém com prestígio e que tente manter a autoestima do pessoal em alta, por isso Paulo Futre que tem ultimamente ajudado ao prazer de muita malta não estaria mal, e também porque combate violentamente o lobby das farmácias já que vende diretamente ao público na TV.

Nos Negócios Estrangeiros ia muito bem alguém com práticas conhecidas na aproximação a outros povos, nessa linha parece-nos que Zézé Camarinha tem provas dadas nos relacionamentos bilaterais, sobretudo com anglo-saxónicas.

Para as finanças convém ser alguém com clara demonstração de capacidade técnica e provas dadas de honestidade, visão de futuro e rigor. Assim recomenda-se Oliveira e Costa e para seu secretário de estado Dias Loureiro, são quadros conhecidos e militantes antigos do PSD para trazerem dimensão política ao Governo, exigência inultrapassável numa altura conturbada da nossa politica.

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Diário, Poesia

Causas Maiores

Um português com duas nacionalidades por razões de dignidade nem se importa de morrer, tal atitude é a maior e mais importante forma de ser.

Outros mesmo estando vivos, viverão bem menos que um Luaty fisicamente extinto mas existindo eternamente, os melhores não morrem nunca e antes vivem perenemente.

Sem saber o que se vai passar, se os algozes vai demover ou antes o deixam morrer, este homem maior até paga com a vida saber o que vai acontecer.

Gente de causas maiores sente que a própria vida, essa que a animalidade nos manda defender, serve de pouco se nos sujeitamos ao que um qualquer outro entender.

Humanos de dimensão maior não se importam de se sacrificar, se com isso entendem a humanidade melhorar.

Homem grande comparando com quem na sua terra de África manda é o Luaty Beirão, luta por si e por todos os que na sua causa estão.

Esperemos que quem manda, mal como se pode ver, possa ainda perceber o erro bem grande que está a cometer.

Não, Angola não pode ser mais o que é, não pode aceitar deixar morrer quem sem mal fazer a ninguém, apenas quer fazer da sua terra melhor e assim chegar mais além.

Viva o Luaty. Esperemos que os que podem e mandam sejam humanos e não se escondam em vis enganos.

Coimbra, 25 de outubro de 2015

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Diário

Medos, e outras fobias…

Hoje tendo a sorte ou azar de estar sentado numa mesa de um pacato centro comercial da cidade de Coimbra, estavam a meu lado um membro do ainda governo e um administrador hospitalar reputado em conversa, conversa essa, de que eu mais ou menos inadvertidamente ouvi partes…

Vou apenas reproduzir uma frase dessa conversa para não ser muito mau, ainda que não tenha nenhuma obrigação de reserva…

“ Ainda não sabemos o que se vai passar, mas estamos com medo, algum medo.”

Ora esta frase vinda de um membro do ainda governo é indiciadora de alguma coisa, de que terão eles medo:

1- Do que emanar democraticamente da Assembleia da República?

2- De perderem o lugar de poder?

3- De que sejam descobertas coisas que queriam manter encobertas?

4- De por se julgarem seres superiores acharem que será sempre pior ter outros a governar mesmo que essa seja a vontade da maioria dos eleitos para a AR?

5- Ou apenas medo da mudança por ser uma mudança e essa demonstrar que se pode governar diferente e obter melhores resultados?

Seja medo do que for, não deixa de ser sintomático que se tenha medo de uma coisa que resulta de eleições livres e democráticas. Será isso revelador da existência nas mentes de certa gente da ideia que são donos de uma superioridade moral e que pertencem a uma casta superior? Se for por isso que estão com medo, a esquerda ideológica a que pertenço rejubila com esse sentimento pacóvio de medo e pode facilmente tranquilizar essa gente acerca do que lhes pode acontecer fisicamente… Ninguém lhes irá torturar, nem obrigar ao exilio, nem perseguir em termos laborais, nem expropriar-lhe as posses.

Por isso não tenham medo e convençam-se de duas coisas simples: Governar é um serviço ao país que devem querer com honra enquanto a maioria dos governados assim quiser, e o estar agarrados ao poder é um defeito e não uma virtude.

Também tínhamos visto ontem na televisão a ainda ministra Assunção Cristas numa pose bélica e sem compostura, que não se pode entender num membro do governo. O atacar António Costa enquanto pessoa é coisa de aldeã sem instrução ao falar da sua vizinha com quem está desavinda, não o tentar encontrar pontos de convergência nas ideias de cada partido com vista a um acordo que permita viabilizar um governo, como será obrigação de um líder partidário que esteja em plena posse das suas faculdades intelectuais.

Mas os medos e fobias retiram com frequência a capacidade aos humanos de raciocinar claramente… Parece-nos essa a causa do desnorte a que os membros dos partidos da atual governação estão votados desde que surgiu a hipótese da esquerda (BE e CDU) se entender com o PS com vista a formação de um governo suportado por uma maioria parlamentar.

Temos visto até o aparecer de um conceito novo: “ tradição constitucional” que não sabemos bem o que é… Para nós a constituição é um conjunto de regras concretas e definidas e que perante determinadas situações a serem resolvidas indica claramente o caminho para as soluções. Nem sequer precisa de grandes rasgos intelectuais para ser interpretada, muitos menos admite as distorções que certos comentadores e membros dos partidos da coligação PaF lhe têm querido colar.

Há pérolas anti-democráticas de todos os géneros como as comparações bacocas de Marques Mendes ao dizer que a associação à esquerda dos deputados na AR com vista à viabilização de um governo de esquerda era semelhante às duas seleções que estão em terceiro e segundo lugar no grupo de apuramento de Portugal se unirem para ter mais pontos e assim levarem uma seleção ao europeu… Estará o homenzinho a fazer de nós loucos ou está também pelo medo imbuído da loucura coletiva a que a direita está sujeita com a ideia de entendimento à esquerda e perdeu o equilíbrio cognitivo? A terceira hipótese seria a de tentar fazer humor com a situação, mas dada a posição em que está o seu partido não nos parece que fosse essa a intenção e apenas trata os portugueses como um povo atrasado mental.

Se enquanto povo nos deixamos enganar desta forma e não fazemos valer os nossos direitos constitucionais merecemos ter como governantes um bando de idiotas bafientos, mal intencionados de índole perversa e ideologicamente perigosa.

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Liberdade estratégica

Sócrates está de novo em liberdade com, mais um, comunicado patético da procuradoria da república. É que para os mais distraídos e menos conhecedores, ele, Sócrates, sairia de qualquer maneira no próximo mês por atingir o tempo máximo admissível de prisão preventiva.

Como já havíamos, noutros escritos, antecipado, o MP com a total aceitação do Juiz de instrução iria aligeirando as medidas de coação propostas até ao libertar do homem por não terem ainda acusação e por não terem cara para fazer de outra forma em consequência da forma atabalhoada como detiveram e colocaram em prisão preventiva e o mantiveram preso para investigar num claro ataque ao espirito das leis que fundamentam a prisão preventiva.

Após a recusa pelo tribunal da relação do requerido pelo MP numa manobra para tentar obstaculizar à publicidade interna do processo, já anteriormente decretada, e colocado assim o MP perante a possível nulidade de todos os atos posteriores a 15 de abril de 2015, porque seria a data limite para o segredo de justiça, segundo o acórdão do tribunal da relação. Ora perante esse conjunto de factos e numa atitude defensiva da própria face começaram a aligeirar as medidas tendo ainda assim numa atitude vingativa, perante a recusa da pulseira, mantido a prisão preventiva quando já poderia estar em liberdade a aguardar a acusação e o julgamento.

Um processo com dezenas de milhares de páginas, com milhares de documentos para analisar e em simultâneo com outros processos complicados, impedem tanto o MP como o Juiz de Instrução de prestarem a necessária atenção a todos pormenores de uma situação como esta por tal ser humanamente impossível. Numa clara violação do espirito da lei e sujeitando os arguidos a situações injustas e desnecessárias, muitas das decisões tomadas pelo Juiz de Instrução depois de promovidas pelo MP são absolutos exercícios de adivinhação com base em perceções da realidade, retorcendo depois o entendimento das leis e encontrando sempre no emaranhado legislativo enquadramento para que justifiquem as suas decisões sem que isso possa ser bem escrutinado pelas defesas por inacessibilidade aos processos por respeito ao segredo de justiça.
Podemos agora estar perante um caso de motivo de vergonha para a nossa justiça, e que poderá até ter custos para os contribuintes, como é agora uso dizer-se, já que não tardará a ser pedida uma indemnização por erro grosseiro na manutenção do segredo de justiça quando ele já não era legal… entre outros possíveis motivos de indemnização.

Junta-se ao trabalho do MP e do Tribunal de Instrução os despachos de alguns tribunais superiores que mantiveram as decisões do Juiz de Instrução e até teceram considerações pouco abonatórias da função que exercem. Todos se devem ainda lembrar da célebre frase da sabedoria popular que fazia parte integrante de um dos despachos: “ quem cabrito vende e cabra não tem, de algures lhe vem”. Coisa de uma deplorável pobreza intelectual inadmissível num juiz de um tribunal superior.

Sem a absoluta certeza do que apreendemos daquilo que vemos, ouvimos e lemos, diríamos que muitas vezes as decisões dos senhores magistrados mais não são que um arrazoado de intuições e percepções e que sem escrutínio de ninguém são fundamentadas em preceitos legais que não podem ser aferidos em tempo útil que permita a defesa capaz de um arguido e que nunca resultam em séria responsabilização e penalização correspondente em caso de erro por parte dos senhores magistrados.

A situação de Sócrates é preocupante por existir mas sabemos que ele se defende bem e tem capacidade económica e intelectual para tal. Mas e quando o arguido é pobre anónimo e menos dotado de capacidade intelectual? Muitas vezes com advogados oficiosos com muita vontade mas nenhuma experiência e sem os meios necessários para fazer uma defesa capaz. Nestes casos os possíveis abusos e entendimentos errados da lei por parte dos magistrados não têm nunca o devido escrutínio, em claro prejuízo das defesas e tratamento dos arguidos mais frágeis.

Vamos agora, pelo mediatismo e atabalhoamento na condução do processo, sujeitar-nos a que o MP tenha de escrever uma qualquer acusação já que o arquivamento seria uma verdadeira vergonha monumental a que os senhores magistrados não vão querer sujeitar-se.

E se ao abrigo do que atrás foi dito, se a acusação até se pode entender, já a condenação com base nos mesmos preceitos e sentenciada pelo Tribunal será uma coisa absolutamente criminosa mas que de todo não nos surpreenderia por amenizar os erros para trás cometidos por magistrados camaradas de corporação de quem julgará e sentenciará.

Por tudo o que vamos vendo, e sabendo que a justiça tem mão mais pesada para quem é mais pobre e não se pode defender bem, que não é o caso de Sócrates, mas tendo como exemplo algumas condenações com base em fundamentações muito estranhas (ressonância da verdade), o atual estado da justiça assusta-nos de sobremaneira. Não podemos de maneira nenhuma aceitar um estado judiacialista em que os magistrados têm quase plenos poderes não existindo ninguém, com enquadramento legal, que os responsabilize seriamente pelas suas falhas e negligências.

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Mas o que estranha agora Passos Coelho?

Hoje ao ouvir Passos Coelho com um ar meio irado a terminar as negociações com o PS com o argumento rasteiro de que o PS estava a sujeitar o ganhador das eleições a uma atitude de chantagem e admitindo que não quer governar com o programa dos socialistas, fui procurar coisas ditas por si.

Ora vejamos o que encontrei:

Uma entrevista ao SOL onde previa o não entendimento com o PS…

O que estranha este senhor agora? Porque coloca aquele ar de virgem ofendida na sua honra e porque acha que a solução tem de passar por ele em minoria quando antecipava que essa solução era impossível?

Tenho de admitir que nunca fui um apoiante de António Costa mas que tenho visto nele preocupação em criar uma solução de governo e uma capacidade mobilizadora da esquerda que nunca tinha visto em nenhum membro do partido socialista. Essa capacidade é agradável para muita gente que pensa à esquerda e em democracia… O trazer do PCP para para a viabilização de uma solução que derrote as politicas de direita, austeritárias e de empobrecimento de uma parte significativa dos portugueses é uma capacidade que se tem de elogiar de sobremaneira.

Antevejo a atitude teimosa de Cavaco na nomeação de Passos Coelho para tentar formar governo e possivelmente a apresentação de uma ou mais moções de rejeição que terão muitas hipóteses de ser aprovadas, inviabilizando assim esse governo e colocando Portugal longe daquilo que sempre disse o PR defender, uma maioria que proporcione estabilidade governativa. Juntará a essa manutenção da instabilidade um certo apalhaçar da democracia, indigitando um PM que sabe que não tem a mínima hipótese de ser governo e que cairá assim que tente aprovar um programa de governo na AR… Sobretudo porque de seguida não pode dissolver a AR por prerrogativa constitucional e ou coloca o país a ser governado sem orçamento ou terá então depois de chamar a formar governo o PS de António Costa numa atitude de perda de tempo e descredibilização da democracia e da politica.

E nem sequer vale a pena certos opinadores virem dizer que os portugueses não votaram nesta possibilidade porque o PS criticou acesamente os partidos à sua esquerda já que isso não é diferente de o PSD e o CDS terem governado nessa mesmissima condição na anterior legislatura, vejam-se os debates entre Passos e Portas para as eleições de 2011 e o que se atacavam um ao outro.

Se uma solução de governo é constitucional e legitima, não pode haver tradição que justifique o tal apalhaçar da democracia ou que esta incompetente presidência da república, previsivelmente, nos sujeite ao teimar em indigitar um governo que sabe que não passará na AR e que depois manterá em gestão até que chegue um novo PR numa atitude de indecente desfaçatez e teimosia de proteção partidária.

Por não percebermos que em tempos ruins e de duvidas governativas: Todos os males são bons, se nos livram de um mal maior. Também por sermos um povo manso e pouco sabedor politicamente, medíocre nas escolhas e fácil de manipular, se calhar temos o Presidente da República que merecemos e temos e teremos o Primeiro-Ministro que merecemos.

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Um governo de esquerda possível…

É no meio do Atlântico (Açores) que sou surpreendido pelas declarações de Jerónimo de Sousa nas quais diz que viabilizará um governo do PS no atual quadro parlamentar e sem pedir grande esforço de aproximação do PS ao seu (da CDU) programa de governo. Aliás na prossecução da sua ideia base que era a de derrotar a direita.

Ora perante este avanço do PCP na tentativa clara de evitar que seja a direita a governar (PaF) e ao que se junta a vontade de Catarina Martins do BE de viabilizar um governo PS que não toque em três ou quatro linhas vermelhas que ela já estabeleceu,o António Costa fica numa posição que não deixa dúvidas ou se assume como de esquerda e apoia uma das moções de rejeição que os dois partidos já disseram irem apresentar ou de uma vez por todas demonstra ser um meias tintas de centro direita… Sim claro, isso implica que não tenha medo de ser primeiro-ministro e queira governar contra a austeridade e de uma forma que represente a esquerda portuguesa e que é a clara maioria dos portugueses.

E não, não vale a pena virem os arautos da desgraça e as virgens ofendidas dizer aos quatro cantos do mundo que isto será um golpe PRECiano… A situação mais não é que a tradução democrática da vontade da maioria dos portugueses.

Se não vejamos:

-Votaram na coligação menos de 4 em cada 10 votantes.

-Sessenta por cento dos votantes não se revê nesta coligação que tem governado.

-Mais de 3 em cada 10 votantes queria Costa como primeiro-ministro.

-Os votantes dos dois partidos à esquerda do PS ao que se somam outros que não elegeram deputados preferem um governo PS a um governo da coligação PaF. Estes partidos representam mais de 2 em cada 10 dos votantes.

O que será pois mais PRECiano, o ter um PM escolhido por uma minoria ou um escolhido e que representa as preferências de uma maioria?

Depois aparte a questão moral temos a constituição que permite perfeitamente esta situação e a legitima, bem sabemos que os representantes da coligação não lidam bem com a CRP como o demonstraram sistematicamente na sua governação, mas ainda é e será por muito tempo a lei fundamental em Portugal.

Estamos, eu e muitos, na expectativa do que decidirá António Costa. Se o afrontar uma direita castigadora e ideologicamente perigosa ou encolher-se e não promover a aproximação dos três partidos de esquerda que lhe está a ser oferecida como nunca foi antes a outro qualquer.

Para mais do que sabemos até agora nem sequer foram exigidos a Costa lugares de governação no elenco governativo para que viabilizem um governo do PS. Estabeleçam pois os três partidos as linhas possíveis para que o PS governe com estabilidade e que este pratique efetivamente politicas que defendam o Estado Social e a maioria dos portugueses verão alcançados os seus anseios de correr com a governação da coligação das suas vidas.

Venha de lá esse governo de esquerda. Em democracia, quando a vontade da maioria é respeitada, tudo o que acontece é legítimo… Mais azia daqui, menos azia de acolá.

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Quando os cordeiros elegem os lobos.

Correndo o risco, assumido, de ser tido como petulante, arrogante, intelectualoide de esquerda, mau perdedor ou outro qualquer epiteto menos abonatório, não vou deixar de expressar o meu estado de espirito em noite de resultados eleitorais que não são os que eu esperava.

O que levará um povo, que não um qualquer enviesamento cognitivo, a perante os factos conhecidos e que são resultantes da governação que tivemos nos últimos anos a manter como partidos mais votados os que governaram até aqui?

Se um núcleo duro de cidadãos se entende que votem na coligação porque perfilham da linha ideológica que norteou a governação e dessa linha tiram claro benefício material, sem nenhum dado cientifico que ratifique o que digo, esse núcleo duro não representará mais do que 20% dos eleitores. Mas então o que levará a que essa gente tenha o dobro dessa votação?

Para as perguntas atrás formuladas só me ocorre uma resposta:

Falta de cultura politica e nem sequer saber o que mais defende os interesses próprios escolhendo assim absolutamente enganados ao que se soma uma militância cega e ignorante sem nenhuma base ideológica.

Se não vejamos:

Como se vota numa governação que empobrece um país em cerca de 5% do PIB?

Como se vota numa governação que obriga a emigrar quase meio milhão de cidadãos jovens?

Como se vota em quem encolheu salários públicos e pensões?

Como se vota em quem encolheu o número de empregos alguma coisa entre duzentos e cinquenta mil e trezentos mil?

Como se vota em quem encolhe os salários cerca de trinta por cento em média? E não encolhendo os salários mais altos.

Como se vota em quem corta na saúde pública e no ensino público e passa verbas públicas para as mesmas áreas no privado?

Como se vota em quem encolheu o investimento, público e privado, como nunca ninguém fez?

Como se vota em quem pediu sacrifícios para encolher a divida e a aumenta como nunca ninguém o tinha feito alguma vez?

Como se vota em quem fez “um brutal aumento de impostos” ?

Como se vota em quem teve uma média de défice anual, usando duros sacrifícios, semelhante à governação Sócrates que fez dois anos de mandato com défices junto aos dez por cento em consequência da crise do sub-prime?

Como se vota em quem, com a sua governação, alarga a diferença entre ricos e pobres (desigualdade) sabendo que a maioria dos votantes é pobre ou remediado?

Para não fazer mais perguntas, já que ainda haveria mais passiveis de ser feitas, questionando as razões que levaram quem perdeu economicamente a reclamar estridentemente mas a votar de forma a manter o governo que lhe prejudicou durante quatro anos, apenas digo que muitos desses votantes acarneirados por militância, dirão agora que as alternativas que se perfilavam eram más e como tal não traziam confiança, di-lo-ão apenas porque têm vergonha de assumir que são como ovelhas e por isso se bastam na sua própria ignorância.

Remato citando Miguel Torga:
“EM PORTUGAL, AS PESSOAS SÃO IMBECIS OU POR VOCAÇÃO, OU POR COAÇÃO, OU POR DEVOÇÃO.”

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