Certos dias são bons…
estrelas se fazem ao universo aparecer
num lampejo de brilho lindo e infinito
elas fazem do mundo sitio mais bonito
e da vida, de certos outros, doce alvorecer.
26-09-2015
Certos dias são bons…
estrelas se fazem ao universo aparecer
num lampejo de brilho lindo e infinito
elas fazem do mundo sitio mais bonito
e da vida, de certos outros, doce alvorecer.
26-09-2015
Onde chega a desfaçatez de certa gentinha, sem saber e em completo desnorte.
Hoje ouvimos Passos Coelho, diante dos lesados do BES, oferecer a sua compreensão e até caridosamente propor-se como primeiro subscritor de um peditório público para os lesados do BES poderem ir reclamar os seus direitos no tribunal.
Pior que tudo, ouvimos o tal “de caridoso” Passos Coelho dizer que pode garantir que os prevaricadores, no caso dos lesados, serão julgados… Mais uma vez esta gente deste PSD acha que manda no poder judicial e que até pode garantir a existência de acusações e os respetivos julgamentos numa clara intromissão do poder politico no poder judicial.
Tentaremos dar a nossa opinião acerca destas duas tolices quase simultâneas ditas pela boca de um candidato a primeiro-ministro e que ainda é primeiro-ministro.
Comecemos pela atitude de solidariedade bacoca que tenta colher da desgraça alheia colocando-se no lugar do caridoso e solidário colaborador com uma coisa que já é constitucionalmente uma obrigação do estado. Faltou-lhe só quantificar que meios serão alcançados na subscrição e quanto chegará a cada um dos lesados para fazer a sua defesa, é que saber isso podia ajudar a perceber se haverá igualdade de meios entre uma parte e outra… Ou como sempre a defesa será feita oficiosamente com advogados, que não recebem ou recebem miseravelmente, que nem sentem motivação para olhar para os processos até à hora de estarem diante do juiz.
Sabemos que vale dizer tudo em tempo de campanha, mas devia haver limites de decência para o grau de mentira e engano que se usa perante quem, em desespero, se quer agarrar a qualquer esperança, por mais mirabolante que seja a promessa.
Alem de nos parecer uma ideia absolutamente apatetada é sobretudo uma ingenuidade ou mesmo infantilidade vinda de um tipo que ainda é primeiro-ministro e que pretende voltar a ser… Sobretudo quando a decisão de separar o banco em dois, um mau e um bom, foi do banco de Portugal com o conhecimento e ratificação do governo na pessoa da ministra das finanças. Será que se o banco fosse viabilizado ou nacionalizado, haveriam lesados do papel comercial? Fica a pergunta, tendo nós desde já uma ideia de resposta e que seria: Não, não haveria lesado algum do BES se a atitude do governo fosse a mais adequada.
Passemos agora ao assunto menos falado mas o mais importante, ou mesmo perigoso, desta troca de palavras entre Passos Coelho e um dos lesados do BES em claro desespero.
Não é que o ainda primeiro-ministro garantiu enfaticamente ao homem diante de si que os responsáveis pela situação em que ele, lesado, se encontra serão levados a tribunal e julgados. Nós nem queríamos acreditar no que ouvíamos… Será que, na linha de Paulo Rangel, esta gentinha de intelectualidade menor se julga com poder para comandar os tempos e destinos da justiça em Portugal?
Ou esta gente teima em tratar-nos a todos como medíocres e fáceis de manipular com total desfaçatez ou então é mesmo só impreparada e perante uma campanha que lhe não está a sair nada bem, já esbracejam sem controlo cerebral da motricidade, na tentativa de amenizar a desgraça. Só que sempre que Passos Coelho, sob pressão, tem de dizer alguma coisa e fica gravado, normalmente saem-lhe pérolas, do disparate.
Mas não é sem inquietação que vamos ouvindo responsáveis e altos cargos desta atual governação PSD irem em surdina repetindo frases que inequivocamente demonstram que eles pensam ter algum poder sobre o poder judicial.
Vivemos governados por um bando idiotas que associam a sua idiotice a uma ideologia perigosa de uma certa qualificação como que divina, que lhe dá toda a razão do mundo em todos os assuntos.
Se não corremos com esta gentinha impreparada, medíocre e arrogante do poder no dia das eleições, somos cúmplices do que de mal nos vai acontecendo e merecemos todos os castigos que eles, governos, nos queiram aplicar.
Não é que Sócrates, o perigoso delinquente, foi ontem colocado em prisão domiciliária e sem a pulseira eletrónica…
O que terá mudado na cabeça do Juiz e do Ministério Público para antes, na anterior apreciação, o homem ter de usar a pulseira eletrónica e agora já não precisar? Não pode ter a ver com a recolha da prova, nesse campo nada mudaria em termos das possibilidades de José Sócrates obstaculizar ao inquérito, ou mudando seria, a proposta anterior facilitar mais isso que a atual medida, visto que hoje com a medida de coação atual, os contatos com o arguido podem ser verificados policialmente e antes não.
Desta situação, podemos inferir que esta justiça se está a defender e com uma atitude de minimização do erro, sabendo que o tempo acalma consciências e que se avançar com jeitinho as pessoas a escrutinam menos nos seus atos. Como tal, vão gradativamente minimizando a sua força na esperança de que a coisa vá esfriando. É que na próxima reapreciação teria de sair em liberdade no cumprimento dos prazos, se ainda não existir acusação, coisa que se nos mostra como inalcançável antes de novembro deste ano visto haver diligências de busca recentes e documentos para estudar e qualificar.
Argumenta-se para papalvos num qualquer comunicado público, escudam-se no segredo de justiça e na próxima reapreciação passará a liberdade com termo de identidade e residência e impedido de contatar os outros arguidos, assim avançará o tempo e a malta vai esquecendo…
Assusta-nos esta atuação de certa justiça, assusta-nos muito, porque nos leva a pensar se não estará a fazer o mesmo que o Macbeth na tragédia do Shakespeare que sempre ia somando erros à sua atuação na esperança de tapar os anteriores. Já se viu que a prisão preventiva foi para permitir investigar, como o próprio MP demonstra neste comunicado onde nem quantifica exatamente o número de pessoas que ouviu nem a quantidades de buscas que fez…
“ Neste período foram ouvidas cerca de dez pessoas e realizadas mais de trinta diligências de buscas”
É adorável o grau de exatidão desta informação.
Na senda do Macbeth virá agora uma qualquer acusação, mais ou menos rigorosa, depois o que mais tememos é que venha uma condenação mal fundamentada para limpar a face da justiça numa atitude de solidariedade corporativa. Mais tarde de recurso em recurso a coisa acabará por prescrever como é costumeiro na nossa, muito má, justiça.
Poderemos até interrogar-nos, com base numa certa teoria da conspiração, acerca da oportunidade desta alteração da medida e da sua proximidade em relação à campanha eleitoral, tendo sempre na memória as declarações do ilustre Paulo Rangel feitas na semana passada… Haverá neste processo interesse político? Começamos a temer que sim.
Desta justiça da treta apenas temos medo, muito medo.