Como hoje é o limite temporal para a aplicação facultativa do Acordo Ortográfico e se impõe de ora em diante a sua utilização obrigatória, surgem de novo inflamadas opiniões e os mais ou menos burilados argumentos contra a sua aplicação.
Vamos deixar algumas questões para tentar amenizar as mais extremadas posições:
– Será esta a primeira alteração profunda da nossa língua?
– Será grande o incómodo causado por esta alteração?
– Serão as mudanças sempre causa de mal-estar?
– O que perderemos ou ganharemos com a aplicação do AO será assim tão significativo?
– Valerá a pena tanto alarido por coisa desta monta?
– O que motiva os fervorosos críticos do acordo a tanto ataque ao AO?
– Aproximará o AO o uso da língua a um maior número de utilizadores do português?
Parece-nos, a defesa ou a critica do AO, como uma causa menor nos tempos conturbados e difíceis que vivemos, e por isso nós lhe atribuímos um valor relativo dizendo que não mudará em nada a vida das pessoas que não seja de forma emocional, e essa apenas, por intransigente defesa de uma determinada opinião.
Já não escrevemos como no tempo de D. Dinis na sua cantiga de amigo “Aí flores do verde pino”, já não escrevemos como Gil Vicente no seu “Auto da Barca do Inferno” ou mesmo como Camões nos seus “Lusíadas”, nem tão pouco escrevemos como Camilo Castelo Branco, Almeida Garrett ou o ilustríssimo Eça de Queiroz. Porque então temos tanto apego a uma coisa que foi revista a ultima vez em 1945 e que deve ter causado já nessa altura semelhantes convulsões intelectuais, ou não, dadas as circunstancias políticas.
Gostamos, por ironia, de ouvir certos defensores intransigentes da linguística anterior ao AO de 1990 e por não os vermos preocupados com a língua de antes do AO de 1945. Cumpre-nos dizer que não somos especialistas em filologia nem sequer conhecedores profundos de outra qualquer natureza que não a utilização da língua como forma de comunicar com os meus semelhantes, mas como utilizadores queremos usar a forma linguística que mais facilitar a vida ao maior número de utilizadores.
Será que esta questão do Acordo ortográfico é uma coisa assim tão importante ou que mude significativamente a vida das pessoas? Ou por outro lado é só uma questão de birra em que muitos opinam mas sem saber exatamente porquê?