Diário

Cavacadas na vida – nº 1

Hoje lemos numa notícia que Cavaco se irritou com a falta de informação por parte do governo e por não lhe terem dito que uns aviões da Força Aérea iam dar uma volta até à Roménia.

O que ainda não terá percebido este meio-morto para não entender que já ninguém lhe passa cavaco? Já só dá jeito para fazer campanha eleitoral a favor do governo porque, mal ou bem, quando fala tem sempre umas quantas câmaras e microfones diante da sua escanzelada e decrépita figura.

Diz a constituição que o Presidente da República é o Comandante Supremo das Forças Armadas. Mas como ele já não parece um Presidente da República, nem os seus já o respeitam…

Assim assume o Ministério da Defesa no âmbito da NATO que vamos mandar uns brinquedos para a Roménia e que para combinar isso com os aliados basta a aceitação deles e por cá como um cônjuge que empresta o carro da família ao amigo para ir a sua terrinha visitar a mãe, não precisam de dar disso conhecimento ao cabeça de casal. Cavaco ao que chegaste!!!

Um povo que elegeu Cavaco pelo menos umas cinco vezes, três para Primeiro-Ministro e duas para Presidente da República é obrigatoriamente um povo mal formado e realmente não merece mais que ter um incapaz como Presidente da República.

Standard
Diário

SÓ-cretinices

Hoje nas noticias do costume podemos ler que se pode intuir das escutas realizadas a Sócrates no âmbito do processo que o mantem preso preventivamente, que a autoria do livro que foi publicado como tendo sido escrito por José Sócrates é de um terceiro.

Já nem remeteremos mais para o facto de que esta noticia teria, à luz do segredo de justiça, de ser falsa, pois ao que parece há quem vá dando informações a certos jornalistas de partes do processo, numa clara violação da lei.

Falemos só da pobreza da notícia e diremos que deveria ter então sido disponibilizado, por quem passa as informações do que se passa no processo, o nome de quem escreveu então o livro. Isso daria a possibilidade aos leitores de acreditarem que não estavam a ser manipulados e daria um rosto ao facto. Só que isso não é interessante para certos jornalistas, de trazer por casa, já que tal nome daria a possibilidade ao próprio de dizer que tal facto era mentira e inclusive mover uma qualquer ação judicial que ainda desse alguma indemnização a pagar. Como tal atira-se para o ar uma suspeição, sem nada de concreto, diz-se que resulta das escutas do processo e está construída uma tese, mais uma, que faz do homem um grande mentiroso. É tão fácil bater em alguém que já está por terra… coisa tipica só de gente menor que tira ganhos da desgraça alheia.

Assim para os mais papalvos, sem indicar quem, onde e quando, diz-se que um catedrático da geração do Sócrates escreveu o livro e dá-se o facto como garantido. Talvez isto baste para a generalidade dos leitores do SOL e da tal fantasiosa jornalista, mas não pode bastar para gente séria e mais esclarecida.

Se muitos dos portugueses, perante este lixo jornalístico, se deixarem manipular e acreditarem, sem mais, no que tão pobre informação quer fazer crer, temos e merecemos um país que é uma miséria em termos intelectuais.

Standard
Diário

BEStialidades

Parece que se chegou ao fim mais uma novena, triste e penosa, que tivemos de aturar por largos dias, cerca de noventa, nas televisões e rádios e que é a denominada comissão parlamentar de inquérito sobre o chamado caso BES.

Ora vejamos o que para nós dela ressalta:

1– Os deputados, para nós parte mais importante da farsa, por serem os únicos que foram eleitos pelo povo, posicionam-se antes de mais para fazerem o frete ao partido que representam e, sejam da oposição ou do governo, pretendem mais que tudo obter ganhos político-partidários.
Neste caso as perguntas, juízos e opiniões de cada deputado, inclusive o presidente da comissão nas suas intervenções, são dirigidas de forma a defender ou condenar o governo, dependendo isto de serem dos partidos que o suportam ou da oposição.

Independentemente de uns serem mais astutos, mais inteligentes e mais conhecedores das matérias do que outros, como ressalta claro do que se foi observando, o desiderato final era apenas o de defender a sua corporação muito mais do que o de apurar a verdade e dela extrair as justas e pertinentes consequências. Se calhar é assim, porque nos parece que estas comissões são quase uma coisa simbólica, e nunca vimos sair de nenhuma, coisa palpável ou consequente.

2– Os reguladores, passearam pela comissão como se não fossem parte comum no interesse público e a única coisa que tentaram foi e tão só, justificar as suas ações ou a falta delas.

Dos membros das entidades reguladores que passaram pela AR como inquiridos, vamos falar só de dois porque são os mais altos representantes das suas entidades e como tal seus responsáveis máximos.

Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, parece que andou a dormir todo o tempo e só acordou para a realidade quando o BCE deixou de apoiar o financiamento do BES. Três meses antes dizia publicamente que o banco era sólido, e a acreditar no nosso meio-morto presidente da república, até a este deu informações que se mostraram claramente falsas.

Independentemente de mais ou menos emocionado e triste com o facto de uns quantos lesados pelo engano a que foram sujeitos, tanto no aumento de capital como na compra de papel comercial, lhe chamarem gatuno teve um discurso pouco esclarecido e nada convincente da bondade das suas atitudes… Mesmo aceitando que no imediato a resolução seja a solução mais económica e mais rápida, veremos no futuro após a litigância que se perfila se a coisa fica barata ou não.

Sabemos que para medida de fim-de-semana podia ser pior, é verdade, pena é que gente paga a peso de ouro e que nos dizem sabedora das matérias, só perceba o que se passa no fim de as coisas acontecerem… Para isso existem as unidades de bombeiros e não um regulador com capacidade de observar por dentro as entidades bancárias de forma legalmente invasiva. Por isso parece-nos o senhor governador muito fraquinho no desempenho das suas funções e como tal não pode ser, de maneira nenhuma, isentado de culpas ainda que só de índole moral.

O outro regulador, Carlos Tavares em representação máxima da CMVM, sendo mais eloquente e parecendo seguro do que diz comparativamente com o seu par do Banco de Portugal, escudando-se maioritariamente na lei que de facto protege as insuficiências dele, se calhar de forma não ingénua e dirigida mesmo, a lei, ao serviço dos banqueiros e acionistas, facto a que o lobby destes não será decerto inerte aquando da sua feitura. Ressalve-se que ele por diversas vezes mostrou discordar da legislação.

Da CMVM parece-nos que a falta grave terá sido permitir o aumento de capital do BES, quando este já estaria em condições de inviabilidade, aumento com seu prospeto que tem de ser aprovado por esta entidade, sem ter acautelado devidamente a situação e obrigações a que o BES estava obrigado e que não o deixariam em condições de satisfazer as expectativas criadas a quem se tornava dono de capital do banco.

Parece-nos assim que também a CMVM não estará a salvo de algumas falhas na caracterização do risco que este banco representava e também por não ter percebido os problemas e assim ter ficado impedida de acautelar possíveis danos para o banco e seus acionistas ou causados pelos acionistas a terceiros, por continuarem a existir movimentos bolsistas de ações do banco quando de todo tal já não era recomendável.

3– Chegamos agora aos administradores, destes falaremos em conjunto e um pouco especialmente de Zeinal Bava e com pormenor e exceção Ricardo Salgado, ao qual daremos tratamento singular neste escrito de opinião.

Diremos destes senhores que todos usaram da mesma técnica, um certo saber estar calmos perante a desgraça, ao que não será alheio o valor das suas economias e posses materiais, foram respondendo de forma razoavelmente estudada e pensada por muitas horas, condição que só pode ser alcançada por dias de preparação para a coisa que é uma inquirição numa comissão parlamentar de inquérito. Talvez seja possível nestas declarações dos tais gestores de topo, assinalar que Zeinal Bava foi o que se preparou menos e o que abordou a coisa de forma mais sobranceira, ligeira mesmo e se calhar até achando que se estava borrifando para aquilo e que os deputados não mereciam muita atenção, foi incompreensível no que disse e quando nem sequer sabia o que era correto dizer, puxava do esquecimento e resolvia o caso na hora… Não, não cremos que tal atitude tenha sido por amadorismo, nem na comissão nem nas decisões de gestão na PT. Tal epiteto de amador, proferido por Mariana Mortágua, deve ter tido no inchado e couraçado Bava o mesmo impacto que uma ferroada de mosca num carro de combate alemão dos usados na segunda guerra mundial.

De todos eles ressalta que têm muito mais conhecimento das coisas que aquilo que dizem saber na comissão, sempre numa atitude mais de se defenderem a eles próprios do que de alcançarem a verdade dos factos e com ela contribuírem para o objetivo destas comissões, a descoberta da verdade em toda esta situação.
Também eles, porque terão a sua assinatura em muitos documentos e contratos, uns bons outros maus, e que foram com virtudes e defeitos o que trouxe o BES ao sítio onde chegou, serão solidários na responsabilidade de tudo o que correu bem ao banco e, como não poderá deixar de ser, também no que correu mal e que como se pode ver foi quase tudo.

4– Temos depois os responsáveis políticos, que ao que parece têm mais responsabilidade na solução a que se chegou, do que aquilo que também eles querem deixar transparecer, ouvimos mesmo a ministra Albuquerque dizer, numa clara atitude de decisão politica, que prefere arrepender-se por ter dito que não, do que arrepender-se por ter dito que sim à ajuda que foi pedida pela administração do BES ao poder político.
Não sabemos em que se baseia essa sua presunção, talvez na esperança de se não vir a arrepender, porque em termos de custos para o erário público e logo para os fustigados contribuintes, estamos longe de saber qual seria a melhor solução. Saberemos quando a senhora já não for ministra com toda a certeza.
Uma coisa já se sabe e com firmeza, é que há prejuízos a suportar e se não for o estado serão entidades privadas e que sendo a maioria delas nacionais, o prejuízo não foge do país… Saber-se-ão os danos mais para diante, embora alguns já estejam visíveis como no caso da PT.

Na atribuição de culpas e sem cair na tentação de colar a nossa forma de ver as coisas a esta situação, porque iria-mos por outro caminho, diremos que no curto prazo a decisão política de se ter ido por esta resolução, por conselho do Banco de Portugal ou encomendando-a ao Banco de Portugal, coisa que humildemente ainda não entendemos, parece ter acalmado o que poderia ter sido uma catástrofe económica para o país. E contrariando Maquiavel (“Quando fizer o bem, faça-o aos poucos. Quando for praticar o mal, deve fazê-lo de uma vez só.” ) julgamos que acomodaremos melhor o mal se ele vier em doses pequenas e diluído no tempo, ou seja mesmo que na litigância já falada o estado português venha a perder milhões ou milhares de milhões, esses custos sendo diluídos no tempo, embora graves e nefastos, serão comportáveis. Por enquanto deixamos o governo a salvo das culpas neste tenebroso processo.

5– Ora chegamos agora ao alvo maior das iras do pessoal e até mesmo de certos deputados da comissão de inquérito, Ricardo Salgado o denominado “dono disto tudo”. Correndo o risco de sermos precipitados e até o de sermos mal entendidos, desde já dizemos que temos a certeza que o homem não é o “culpado disto tudo”, não é possível a ninguém por mais atitude concentradora que tenha, tomar todas as decisões que foi preciso tomar para chegar até onde o grupo Espirito Santo do qual o BES fazia ou ainda faz parte chegou.
Terá sido o cabeça de cartaz do BES por muitos anos, com tudo o que foi feito de bem pelo banco e o que agora vemos que foi feito de mal. Não podemos é esquecer que as opiniões do homem foram o que levou muita gente a obrigar José Sócrates a solicitar o apoio da Troika em 2011 e nessa altura ainda gozava de uma impoluta reputação, falando mesmo em nome de toda a banca.

Na comissão, começou por tentar defender-se, atitude compreensível, mas de pouca utilidade para o apuro da tal verdade que se “almeja” em sede de comissão parlamentar, isto na sua primeira presença onde apareceu superiormente preparado e com uma determinada lição bem estudada, expondo com superior sapiência aquilo que na altura julgava ser o suficiente para acalmar as hostes. Nas respostas, admita-se que a coisa não é fácil, após horas a ler os seus escritos foi bombardeado por mais horas com perguntas, algumas mais parecendo juízos de valores e até técnicos que perguntas inteligentes e que levassem o homem a ir abrindo a guarda, de forma que na altura nos pareceu ziguezagueante e pouco entendível.

Já na sua segunda ida ao parlamento, veio mais determinado a chamar as coisas pelos nomes e deu o seu entender dos acontecimentos, com datas, e atribuindo culpas claramente ao Banco de Portugal pela estratégia usada na resolução e não deixando de apontar os pedidos de apoio e até fornecimento de informação, que pediu e deu ao poder politico…

Diz-nos que o banco precisava de tempo e alguma ajuda financeira de urgência, segundo ele seria até menos do que a que teve de ser injetada no Novo Banco, e que o estado teria para com o BES essa obrigação pois o banco já havia estado na salvaguarda do estado muitas vezes. Tal nem sequer nos custa a aceitar e se calhar poderia ter-se encontrado uma maneira de ser possível, sem esta divisão em banco bom e mau que ainda não sabemos o que custará nem quanto efetivamente custará em termos financeiros.

Sabemos que nesta segunda ida ao parlamento Ricardo Salgado foi instado a pedir desculpas por um senhor deputado e que sofreu tentativa de ser enxovalhado por uma senhora deputada, ambos da área da governação. Nestes dois casos que ouvimos com alguma atenção diremos que a pequenez dos deputados quando comparados com o homem é assustadora. Ele sabe tudo da arte da banca, com suas ruas estreitas entre o legal e o imoral, domina os procedimentos na perfeição, conhece tudo dos meandros da banca e preparou-se bem para as perguntas, quase ridicularizando a comissão por serem tão pouco sabedores e querendo a todo custo já ter a decisão de quem é o culpado na situação.

Ricardo Salgado, por certo a coberto das suas posses, sabe que isto se vai arrastar por anos na justiça e que vai aí ter a oportunidade de se defender convenientemente e que as conclusões da comissão de inquérito de pouco ou nada servem, que não seja o tal defender da honra dele e da família de que sempre fala. Julgamos mesmo que as suas idas ao parlamento iam mais nessa direção que outra coisa qualquer. Para o conseguir, precisa mesmo mostrar que o dinheiro não foi para o bolso de ninguém da sua família e que está nos negócios do grupo ou saiu pelos prejuízos. Não nos custa aceitar esta sua versão, custavam-nos a aceitar os lucros astronómicos de outros tempos, sempre nos pareceram fictícios. Tendo mesmo em vários fóruns sido dito por nós que a seguir faliriam os bancos, tal como se tem vindo a verificar.

Concluiremos esta análise, dizendo que a comissão pode até ter alguma utilidade, se mais não tiver, ocupa os deputados que não sabemos o que fariam se não tivesse havido caso BES. Mas assim à primeira vista, não vislumbramos grandes ganhos advindos de tais trabalhos. Não seria o ministério público, devidamente capacitado, a entidade que devia apreciar esta situação sem mais delongas e com as dotações de meios humanos e materiais necessárias ao apurar da verdade, sem interesses políticos e eleitorais por trás do que se quer obter? Claramente, julgamos que sim.

Se quisermos, os cidadãos comuns, opinar e concluir sobre quem é o culpado de tudo o que aconteceu ao BES e suas consequências, com base nos que esta comissão de inquérito nos trouxe, que não foi mais que sublime manipulação, e uns quantos momentos humorísticos de fazer ir às lágrimas não fora a seriedade da situação, somos maus como cidadãos e temos os banqueiros e políticos que merecemos.

Standard
Diário

Juízes proverbiais mas de singelo provérbio.

A perceção justicialista, preocupantemente, chega ao tribunal e já leva os desembargadores da relação de Lisboa a explicar, pobremente, a sua decisão acerca de um processo de prisão preventiva com um provérbio da sabedoria popular, como se pode ler em algumas notícias. Pobre da justiça portuguesa tão maltratada. Pobres e com misera sorte os portugueses que caiam nas teias de tal justiça.

Ora pensávamos nós, lendo o CPP no que à prisão preventiva diz respeito, que os crimes de que um arguido está indiciado apenas importam para determinar ou não a possibilidade de aplicação da medida de coação mais dura de todas, porque em abstrato podem vir a resultar numa condenação com pena máxima superior a cinco anos de prisão… Não sendo aceitável constitucionalmente que perante a possibilidade de tais crimes, só por si, terem sido cometidos justificar a prisão preventiva, para prender por haverem sido cometidos crimes existe uma fase do processo que se chama julgamento, caso venha a verificar-se uma outra frase ainda anterior e que se chama acusação.

Para a determinação da prisão preventiva, é necessário que perante os indícios de crime punível em abstrato com prisão acima de cinco anos, existam ainda outras condições/situações verificáveis durante a fase de inquérito e que estão perfeitamente definidas no mesmo CPP. Sabemos todos já quais são essas situações por delas haver ouvido falar amiúde, e que são:

— Perigo de fuga do arguido

— Perturbação do inquérito, trazendo o arguido ao processo acréscimo de eventuais dificuldades na recolha da prova ou mesmo a destruição da mesma.

— Continuação da atividade criminosa com a eventual consequência daí resultante que é a perturbação da ordem social.

Pois perante o recurso da defesa dizem os senhores desembargadores que o perigo de fuga invocado pelo ministério público e admitido pelo juiz de instrução, não tem razão de ser e que como tal não concorre para a sustentação da medida de coação prisão preventiva. Já a perturbação do inquérito parece aos senhores juízes ser uma possibilidade e por tal dão provimento ao despacho do juiz de instrução onde se determina a mais gravosa medida de coação e não aceitam como válidos os fundamentos do recurso da defesa. Resulta deste entendimento claramente uma coisa:

–em Portugal prende-se para investigar sem perturbação, o que vai ao arrepio de tudo o que é um estado democrático e de direito.

No nosso entender, a bem da justiça, cumpre ao estado, quando crê existirem indícios da prática de um crime, que não seja a prática de criminalidade violenta e reiterada, criar os mecanismos que obstem à perturbação das investigações, até pela desigualdade de meios entre o estado com as suas policias e ferramentas de vigilância e um qualquer cidadão por mais dotado de meios que seja. Supre assim o estado, com estes despachos de prisão preventiva, as suas insuficiências e até as suas ineficiências abusando de alguns poderes e dando uma interpretação ao CPP que nos parece absolutamente desadequada e abusiva do que pretendia o legislador. Parece-nos até que será uma atitude violadora da constituição. Talvez por isso temos em Portugal uma taxa de criminalidade muito baixa quando comparada com outros países ocidentais e temos uma taxa de detenção por prisão preventiva tremendamente maior que esses mesmos países.

Para que se perceba, sempre que há um preso preventivo, há um inocente preso. É que a condição de inocência só deixa de se verificar quando transita em julgado uma sentença de condenação.

Ora adicione-se ao anteriormente dito o chamar de atenção para que aos juízes da relação, não é pedido nem é sua incumbência que emitam opinião de pré-julgamento, como a que se pode inferir da utilização do provérbio “ quem cabritos vende e cabras não tem” . Tais frases aceitam-se, enquadradamente, na conversa de aldeões na tasca da sua aldeia ou pelo vulgar cidadão comum numa conversa de amigos, já por juízes desembargadores nos parecem pobres e até indiciadoras de uma opinião que enferma de uma certa parcialidade, o que de todo não pode ser.

Não é de bom-tom manipular consciências de cidadãos e é até indicador da falibilidade da nossa justiça, quando os juízes deixam transparecer estados de alma e deixam mesmo que estes se sobreponham ao superior interesse da justiça.

No caso Sócrates e noutros de igual quilate (colarinho branco) julgamos que a prisão preventiva é um abuso e não necessária, ressalve-se até que no caso Sócrates se fala de vinte milhões de euros, a confiar nas violações do segredo de justiça que vão acontecendo com gente a revelar partes de um processo que ninguém devia poder conhecer. Porque não estão então em prisão preventiva outros, de outros processos, onde se fala em números astronomicamente maiores que esse???

Diríamos que se o arguido não se chamasse José Sócrates e não tivesse sido primeiro ministro de Portugal não estaria a passar pela sua atual situação… Ora tal perceção como imaginam é apenas da mesma natureza que aquela que move os que já têm a certeza que o homem é culpado, ou seja é apenas uma intuição e como tal altamente falível.

Do que vamos percebendo nos casos que vão pululando pelos jornais, televisões e rádios mais pelo que vamos ouvindo aqui e ali em conversas, entendemos que estamos a ser manipulados e a tornarmo-nos perigosos julgadores sem sabedoria e que apenas julgam e condenam pela intuição, numa clara atitude de vingança pelo que nos vai acontecendo de pior. É que perante as dificuldades da vida dá sempre jeito ter à mão um culpado e com essa presença a pairar como fantasma na cabeça, tornar prática e conhecida a razão dos nossos males.

Por ser-mos um povo pobre de espirito, acomodado e resignado e que gosta de opinar e condenar sem querer aprender ou esforçar-se em procurar esclarecer-se, se calhar vivemos no país que merecemos.

Standard
Diário

Cabeça, da ministra Albuquerque, cheia de “burrice”.

O rapaz de Santa Comba, era adepto desta teoria de cofres cheios mas o que conseguiu em 48 anos foi apenas fazer de Portugal o país mais pobre da Europa, cofres cheios de pouco mas que para nós era muito, muito analfabeto, muito pobre sem salário nem apoio social, muito inculto e mal formado e a ostracização por parte de toda a gente na comunidade internacional. Mas esse ainda teve um mérito, era verdadeiro, não mentia. Também acertava as contas publicas, mas não acumulando divida simultaneamente, como a cambada de energúmenos que hoje nos engana e governa.

Uma coisa sabemos: com tanta coisa bem feita e de sinal positivo, estamos mais pobres como país em termos económicos, e para agravar a situação, devemos mais que quando este bando de atrasados chegou ao governo…. Conclusão única: Mais pobres ( PIB menor) e mais devedores em 2015 que em 2011…. Belo trabalho.

Se não percebermos como nos manipulam e tentam enganar, se não reagimos a isto com violência e até brutalidade, teremos o país que merecemos.

Standard
Diário

Pobreza intelectual

Contra todas as probabilidades, acho que quem tem estado melhor na sessão de hoje da comissão de inquérito ao BES, é Ricardo Salgado… Que pobreza de espirito a dos deputados, mesmo pobreza franciscana no caso de Cecilia Meireles e Abreu Amorim… São tão pequeninos comparativamente com o homem, que faz dó a tentativa desesperada de serem capazes de demonstrar a culpa dele numa arte em que ele sabe tremendamente mais que eles… Pensam que alcançam ver o universo, olhando pelo buraco da fechadura da sua casinha.

Dá conforto, aos menos capazes, encontrar um culpado para as suas desgraças e até algumas faltas próprias, mas só alguém impreparado intelectualmente poderá achar que a culpa é só de uma pessoa, e que o sistema que representam em termos de modelo económico está isento de culpas…

Pois eu concluo que esta gente que cometeu gestões danosas e possivelmente fraudulentas, só o pôde fazer porque há anos somos governados por gente e por um modelo politico altamente faliveis e sem capacidade de lidar com os desafios da modernidade e dos movimentos de capitais, estes ultimos, um monstro só permitido pelo sistema politico.

Standard
Diário

Misera sorte, estranha condição.

Volto a Sócrates, para mais uma vez entender que o homem é oportuno e que se mostra vivo, mesmo quando preso preventivamente. Desta vez acho que coberto de razões para ser o tal animal político e dar uma facada nas aspirações eleitorais de Passos Coelho, a propósito e em tempo correto.

Pedro Passos Coelho numas quaisquer jornadas do PSD, resolveu à boa maneira dos analfabetos sem escrúpulos do antigamente, para se tentar defender, hipocritamente sem se referir a nomes mas sabendo toda a gente a quem se referia, trazer o nome de Sócrates para a situação, numa atitude reveladora de falta de espinha dorsal usual só num qualquer proxeneta para se livrar de um qualquer crime ligado ao seu oficio, mas nunca num primeiro-ministro de um país europeu. Esperamos que os portugueses que gastaram acima das suas possibilidades tenham pelo menos usado uma parte desse dinheiro para se instruírem a não se deixar enganar por esta atitude balofa e desprestigiante do ainda primeiro-ministro.

Só os torpes e os homens de consciências enviesadas é que recorrem a outros, mesmo que criminosos confessos, para se desculpar de qualquer ato que tenham perpetrado. Ressalve-se que Sócrates ainda nem sequer foi acusado. Será?

Este PM é um homem menor, sem nenhum tipo de escrúpulo e que não olha a meios para atingir os seus fins. Perigoso portanto, e se já o sabíamos em termos ideológicos agora sabemos também que é perigoso como ser humano. Não se importa com quem enlameia para atingir a glória pessoal.

Sócrates responde e bem, no uso das suas faculdades enquanto preso preventivo, por escrito ao tal senhor menor, num registo que mostra efetivamente o quanto piorámos nas capacidades do primeiro-ministro em Portugal, com a troca de José Sócrates por Pedro Passos Coelho.

Cremos que a maioria dos portugueses entende o golpe baixo e a politização do caso Sócrates nestas declarações menores, vindas de um ser humano menor. Dizemo-lo sem nenhum rebuço, pois entendemos que este argumentário, o de mostrar os “maus” para minimizar atos próprios, é coisa de gente menor e que não merece mais que ser assim apelidada.

Também supomos que muitos, dos que mesmo sabendo que esta atuação é feia demais e a roçar o trogloditismo, virão defender o senhor numa atitude subserviente e seguidista, essa a que obrigam as defesas corporativas. Tal atitude fará deles, como diz Sócrates, uns miseráveis da moral. Pior significado terão as atitudes do primeiro-ministro e seus apaniguados, quando se apregoam como catequizadores impolutos da tal moral e honradez.

Se esta atitude desprezível e arruaceira de alguém que é a terceira figura do estado, atitude que a nosso entender é muito mais grave do que são as suas dívidas (ao que parece a tudo quanto é setor do estado), não tiver as devidas consequências, teremos o miserável país que merecemos.

Standard
Diário

Mujica, o melhor presidente de sempre em todo o mundo.

Hoje foi o ultimo dia de José Mujica como presidente do Uruguay, entendendo a sua democrática saída, não podemos deixar de achar que a sua saída da politica ativa deixa esta bastante mais pobre e faz com que o universo das presidências no mundo seja menos interessante.

Politico honesto, homem humilde e afável de valores incontestáveis, deixa-nos a grata recordação de pelo menos uma vez ter havido um politico no mundo que dá nobreza à causa de servir os povos.

Bem haja camarada Mujica…

 

Standard