Hoje duas coisas me deixaram inquieto das notícias que se vão ouvindo e lendo, com ouvidos e olhos já cuidadosos e pouco atreitos a manipulações… Irritaram-me o Correio da Manhã pela sua habitual falta de rigor no caso Sócrates e o Sr. Carlos César por desvalorizar o que antes valorizava tanto.
Costumando tratar apenas um tema em cada texto, hoje porque me apetece, e só por isso, vou falar de dois…
Primeiro
Ainda o malfadado caso Sócrates que tinha tudo para apenas ser uma calma investigação judicial a suspeitas de corrupção, branqueamento e fraude fiscal, não fora termos um MP e um Juiz de Instrução que se julgam justiceiros e gostam de dar publicidade a coisas que se feitas discretamente poderiam até produzir melhores resultados para a investigação, mas adiante.
O pasquim de bairro gigante, Correio da Manhã, mais uma vez apresenta títulos espalhafatosos e mentirosos na tentativa de causar alarido e manipular algumas cabeças mais desinformadas.
Ora escrevem os serventuários que o recurso apresentado pelos advogados de José Sócrates não contesta as provas dos crimes de que está acusado… Aqui fica o titulo da espalhafatosa noticia
Poderá alguém minimamente esclarecido ou mesmo só possuidor de bom senso levar um titulo destes a sério?
Cremos de todo que não e que é até um atentado à dignidade e intelectualidade do comum cidadão.
A ver se nos entendemos, não existem provas nenhumas, essas só se fazem no julgamento. Poderão eventualmente existir indícios de haverem sido cometidos crimes, mas que ainda não estão vertidos numa acusação e estão ao que se sabe ainda “ em segredo de justiça “ na fase de inquérito, não sendo por isso do conhecimento da defesa.
Pergunto eu:
Como pode a defesa rebater uma coisa que oficialmente não conhece? Apenas pelo que lê em qualquer pasquim com a necessidade de vender os seus folhetins?
O não falar de uma coisa que não conhece é automaticamente a assunção dos factos relatados pelos tais pasquins?
Poderia a defesa criar um capítulo no recurso que tivesse como titulo “ Adivinhação” e depois discorrer no articulado desse capítulo uma defesa ao que os pasquins dizem ser factos em inquérito e que possivelmente poderão vir a estar descritos na acusação?
Este recurso da defesa é ou não apresentado apenas para contestar os procedimentos judiciais e enquadrar, segundo o entendimento e interesses do Eng.º Sócrates, os tais procedimentos na lei vigente? Contestando essencialmente os atos praticados até aqui pelo ministério público e pelo juiz de instrução.
Parece-nos que da resposta que nós próprios alcançamos para as nossas questões não podia a defesa nunca contestar factos que nunca leu em nenhum sitio credível e com os quais nunca foi confrontada formal e legalmente.
Daí a dizer-se, que por não contestar tais notícias de cordel, se está a admitir que o dinheiro apreendido e investigado é do próprio Eng.º Sócrates vai apenas a enormidade da manipuladora e mal formada consciência de quem escreve tais disparates…
Sobre este assunto nada mais a dizer… Entendam os leitores deste diário ou do tal pasquim o que mais lhe aprouver.
Segundo
Ora não é que ouvimos, na TSF, o Sr. Carlos César, presidente do PS, dizer que não entende “porque raios” perguntam os jornalistas acerca da pequena margem que separa o PS dos partidos da maioria que governa o país nas sondagens, e o mal-estar que isso pode estar a causar em algumas hostes socialistas.
Responde de forma quase irónica o presidente do PS que quem está a perder são os partidos de governo e que estranha que se preocupem com os poucos pontos de vantagem nas sondagens e o não descolar do PS da maioria.
Novas perguntas, para tentar alcançar respostas que esclareçam:
Não foi porque as vitórias do PS de Seguro foram por margem relativamente pequena, que se propôs Costa renovar a liderança para trazer novo “elan”, melhores sondagens e resultados?
Não foi por uma tal vitória de “ Pirro” que se correu com Seguro?
Como se pode então agora desvalorizar o que antes tinha, para estes mesmos, tanto valor?
Poderemos confiar em quem nos tenta assim passar atestados de mediocridade?
À última pergunta respondemos convictamente: Não podemos confiar. São incoerentes e manipuladores e não são por isso dignos de confiança.
Dizemos até, em tom preocupado, Seguro ganhou todas as eleições a que concorreu e já nem temos a certeza que Costa seja capaz de ganhar as primeiras a que vai concorrer.
Se nos deixamos manipular, nas duas situações, por esta gentinha de seriedade muito discutível, temos o país que merecemos.