COSTA, o usurpador seguro do lugar de primeiro-ministro.
Hoje contrariamente ao habitual, escreverei na primeira pessoa do singular, coisa apenas utilizada quando quero transmitir uma ideia que é apenas minha e apenas traduz o meu sentimento sobre um comportamento…
Devo, a bem da verdade, dizer que estou muito à esquerda de qualquer um dos que hoje se digladiam para ser o próximo PM, no interior do PS. Mas certas atitudes pessoais, de gente que com estratégia pensada longamente, levam a uma vitória mais ou menos fácil numa determinada contenda, soam-me a desonestidade intelectual…
Nunca pensei, um dia vir a querer participar na escolha do líder do PS e mais que provável próximo primeiro-ministro, mas se agora mo vão permitir, quero… Estranha situação, digo-o e explico porquê: Já ajudei uma vez a eleger o António José Seguro, nessa altura como líder da JS num congresso em Troia, tinha eu 19 anos e ele cerca de 27 ou por aí.
Tal congresso teve para mim um interesse superior, fez-me ver que aquele não era o meu mundo, nem aquela política me interessava. Ainda assim fui votando no PS até que saiu o António Guterres. Mas a guerrilha subterrânea que se movimenta em certos partidos, os interesses que subjazem ao querer ser eleito e o caminhar do PS para o centro deixando de ser no meu entender um partido de esquerda, fizeram-me passar a votar bem mais à esquerda do que o PS.
Constato agora que em boa hora me afastei do PS já que a gestão de interesses pessoais se sobrepõe ao interesse de governar bem o país. Isto porque António Costa quer apear António José Seguro, que deixou a trabalhar e a debater com o governo, desgastando-se por três anos, para agora só entrar na corrida na reta final da legislatura, usando como desculpa a fraca vitória do PS sobre a coligação nas eleições europeias, essas tais que tiveram uma abstenção de cerca de 67% e onde a maioria dos que se absteve seria dos partidos que têm governado sempre e nos têm nesta situação de superior austeridade.
Não gosto de facadas nas costas, muito menos quando já se haviam entendido num tal documento de Coimbra e o tal senhor Costa teve o apoio da direção do partido para ser candidato à camara de Lisboa e assumiu mais ou menos publicamente que Seguro seria o candidato a primeiro-ministro pelo PS, vejo agora que apenas o disse por uma questão de estratégia e que já sabia bem o que ia fazer. Tal atitude faz-me temer pela seriedade da palavra do tal de Costa. Será sina nossa a obrigatoriedade de ser-mos governados por gente sem palavra?
É causa de sorriso amarelo o escutar agora o Sr. Costa e acólitos a dizerem que querem apenas discutir ideias políticas e caminhos, que não querem discutir questões pessoais. Mas não será por acharem que Seguro não é a pessoa certa que se candidata o tal de Costa? Sendo por achar que o homem não mobiliza pela sua forma insegura de ser, isso é colocar indubitavelmente a questão no foro do pessoal…
Eu gosto de gente séria e que não se esconde atrás de frases bonitas e verdades feitas e que manipula consciências com base em dados falseados, independentemente dos resultados que obtêm com isso. Na política não pode valer tudo, independentemente de numa determinada altura entender-mos que certos caminhos parecem incorretos… Ou então quem estabelece os limites? Poder-se-á até destruir uma pessoa para ocupar o seu lugar?
Parece-me falta de lealdade a atitude de António Costa, como tal não posso nunca aceitá-la e por isso, a poderem os cidadãos não militantes, escolher também quem querem a liderar o PS eu escolherei o António José Seguro… Independentemente de vir a ser melhor ou pior líder do PS e para o PS que António Costa, esse que daqui em diante apelidarei de “ o matreiro”.
O que defenderá em termos ideológicos de tão diferente do “inseguro” Seguro? Que ideias terá tão inovadoras que porão o PS num caminho diferente do de hoje? Que fará perante o não obter a maioria como se teme que Seguro não obtenha? Com quem se quererá coligar no caso de ter de fazer coligações? Que políticas defenderá para afrontar os grandes interesses? Ter-se-á esquecido que o ultimo governo de que fez parte, foi o mais à direita que governou Portugal até chegar este criminoso governo que temos hoje?
E agora a questão mais premente: Que governação nos dará, diferente do que temos hoje e da que nos daria Seguro? É que ainda não ouvi nada de concreto acerca disso, não ouvi nem uma medida inovadora vinda da boca deste novo pseudo-heroi…
Este caso de querer o poder é apenas mais um episódio na triste na vida politica deste nosso triste país. Se já tinha tido a hipótese e a vontade de assaltar o poder antes das eleições autárquicas e europeias este tal Costa. Porque não avançou então e só o faz agora?
Termino com uns versos do ilustre Camões e que estão bem a condizer com esta situação.
“Ó GLÓRIA DE MANDAR, Ó VÃ COBIÇA
DESTA VAIDADE A QUEM CHAMAMOS FAMA!”
(…)
MISERA SORTE, ESTRANHA CONDIÇÃO
16-06-2014