Confesso que começo a achar que todas as pessoas inteligentes nomeadas para o governo o querem abandonar rapidamente.
Escutámos de Francisco José Viegas, uma frase absolutamente correta.
“Os ricos portugueses andam especialmente tolos e eles são especialmente responsáveis por esta situação, porque podiam fazer e não fizeram. Se alguma coisa falhou nos últimos 40 anos foram estas elites, não fomos nós todos.”
Não podemos estar mais de acordo com a frase anterior, mas estamos ainda mais com a seguinte:
“Quando nós estamos a deslocar a culpa para nós que votámos ou que governámos, não. Quando me diziam: agora que já estás fora do poder, eu começava a rir. Poder? Qual poder?”
Ambas as frases retiradas desta entrevista.
A saída mal esclarecida deste homem de cultura, do elenco governativo, junta-se a outras pouco esclarecidas ou nada esclarecidas, onde pontua a saída forçada do ex-secretário de estado para a energia. Parece que alguns um pouco mais observadores não se querem perpetuar por esta governação, pena o primeiro-ministro não pensar o mesmo. Não querem pela falta de poder que têm.
Do que eu depreendo das palavras do homem, o poder pertence única exclusivamente a Gaspar ou aos tais ricos que critica na entrevista. Serão, do que depreendo, os ricos que podiam fazer coisas e não as fizeram a ter o poder que diz não terem os membros do governo.
Eu por mim digo-o há já muitos anos, não são os governantes que decidem nada. Quando muito, determinam no sentido de garantir os interesses dos tais ricos, esperando a devida compensação quando abandonarem o governo. Como tal fosse quem fosse a governar desde 1986 até hoje estaríamos mais ou menos na mesma, exceto se tivéssemos escolhido muito à esquerda os governantes. Ainda assim não temos a garantia que mesmo esses, de quem somos próximos, não tivessem criado outro tipo de elites.
Veja-se a promiscuidade entre o governo e a EDP no caso da demissão do secretário de estado da energia, assunto que já tratámos em texto anterior. Falo deste caso a título de exemplo, mas podia falar de muitos casos onde grandes empresas privadas obtêm lucros fabulosos apenas porque as transferências diretas do estado para elas os geram. Não porque sejam os seus administradores quaisquer gurus da gestão lucrativa.
Este modelo económico vigente no mundo ocidental e a contaminar todo o restante planeta, não é sustentável pelo facto de ter exatamente o mesmo ou mais dinheiro que noutras alturas, mas ainda assim estar a gerar pobreza neste mesmo mundo.
Mandam e determinam para todos, o capital e os grandes grupos económicos com a alta finança à cabeça. Os políticos servem apenas de joguetes nas mãos de tais gentes, muitas vezes sem cara e sem personalidade jurídica atacável em caso de fraude.
O QUE SERÁ NECESSÁRIO ACONTECER PARA, OS INFELIZES PORTUGUESES, VEREM QUE PARA HAVER MUDANÇAS SERÁ NECESSÁRIO MUDAR DE PARADIGMA SOCIAL? PARA ISSO URGE ELEGER A ESQUERDA RADICAL, SE NÃO COM OUTRO MOTIVO, PELO MENOS COM O DE CORTAR RADICALMENTE COM A LINHA DE COMANDO CURRUPTA INSTALADA HÁ 30 ANOS NA NOSSA SOCIEDADE.